Uma doença chamada droga


10/11/2009 16:45

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A droga quase sempre está relacionada aos atos mais pérfidos; por causa dela e de seus efeitos, crimes e barbáries são cometidos. Existem milhares de crianças e adolescentes que se prostituem para comprar drogas, além disso, estimativas afirmam que ocorram 24 suicídios por dia. A OMS sugere que 90% dos casos avaliados são relacionados a problemas como depressão, ansiedade, uso de álcool ou, novamente, de drogas.

Já é de conhecimento público a minha opinião sobre esse assunto, mas a questão voltou aos noticiários por causa de uma recente tragédia, o assassinato da estudante Bárbara Chamun Calazans Lino, de 18 anos, que foi estrangulada por um músico viciado em crack. Bárbara tentava ajudar o amigo a se livrar do vício. Pesquisa encomendada pela Secretaria Nacional Antidrogas revela que 40% das pessoas internadas por dependência química em centros particulares do país são jovens da classe média viciados em crack. A droga se disseminou no Brasil nos anos 90. Nos últimos anos, a droga que tem um enorme potencial de provocar a dependência química, superou até mesmo a maconha em número de apreensões. O crack se popularizou porque tem um preço inferior. Produzido a partir dos restos do refino da cocaína, provoca dependência quase que imediata.

O crack, assim como outras drogas, deixaram de ser uma questão criminal, e hoje são um grave problema de saúde. A situação é tão emergencial que o governo federal anunciou investimentos de R$ 110 milhões no atendimento a usuários em todo o Brasil. Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que "nem o governo e nem os ministérios têm a receita para resolver o problema". É triste saber que até mesmo o governo está desorientado frente a essa situação caótica, mas mesmo assim a população precisa de soluções.

Os dependentes precisam abandonar a posição de compradores no mercado ilegal para se transformarem em pacientes do sistema público de saúde. Precisamos reconhecer que as poucas políticas de combate às drogas que possuímos já fracassaram, é importante entender que o problema é uma questão de saúde pública. Não conheço nenhum país que já tenha conseguido erradicar a dependência nas drogas ilícitas. É importante ressaltar, por exemplo, que muito da eficiência da política nacional de drogas dos EUA deve-se à atenção e aos investimentos destinados aos trabalhos nas comunidades, nas escolas e em pesquisas. Por lá é possível encontrar um grande número de materiais informativos, além da evidente participação das mídias na prevenção.

Mas esses programas de combate não devem ser simplesmente importados. Lembremos que muito do esforço realizado atualmente é voltado à repressão ao comércio e ao consumo, mas pouco foi feito pela prevenção, tratamento e pesquisa. O país precisa ter sua própria estratégia voltada à necessidade de nossa população. As novas políticas devem ser direcionadas ao sujeito e baseadas em estudos científicos, não em questões ideológicas. É importante também destacar o papel da família no acompanhamento e orientação desses dependentes, esse apoio se mostrou fundamental nos casos de reabilitação que deram certo.



*Gilmaci Santos é deputado estadual pelo PRB e presidente estadual do partido, participa das comissões de Defesa dos Direitos do Consumidor e de Economia e Planejamento da Assembleia Legislativa.

alesp