USP enfrenta o desafio de expandir vagas e cuidar da manutenção de uma gigantesca estrutura
22/09/2006 19:17

Até o dia 30/9, o governo do Estado deve apresentar ao Legislativo paulista o projeto da Lei Orçamentária Anual referente ao exercício de 2007. A elaboração da Lei Orçamentária deve ser orientada pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que compreende as metas e prioridades da administração pública estadual. Neste ano, entretanto, a proposta orçamentária do Executivo estadual pode chegar à Assembléia antes mesmo de a LDO 2007 ter sido aprovada.
Neste caso a proposta orçamentária deverá basear-se nos parâmetros do projeto original da LDO elaborado pelo Executivo, sendo que eventuais alterações sofridas por esta última por deliberação do Legislativo poderão ser incorporadas à proposta da lei orçamentária por meio de emendas parlamentares.
O projeto da LDO 2007 já está na Ordem do Dia, pronto para ser discutido e votado pelo Plenário. No dia 28/9, a Comissão de Finanças e Orçamento aprovou o parecer do relator, Edmir Chedid, que incorporou ao projeto original algumas emendas de parlamentares e outras que atendem às reivindicações apresentadas nas audiências públicas promovidas pela comissão em várias regiões do Estado para discutir a LDO e o Orçamento do próximo ano.
Uma das principais alterações introduzidas pelo relatório diz respeito às universidades públicas estaduais. O parecer do relator acolheu emenda que eleva a cota-parte do ICMS para as universidades de 9,57% para 10,43%. Em razão disso, representantes do Fórum das Seis, entidade que reúne organizações sindicais das três universidades públicas estaduais (USP, Unesp e Unicamp) e do Centro Estadual de Ensino Tecnológico Paula Souza (Ceetps), têm feito o acompanhamento contínuo da tramitação do projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2007 e pressionado as lideranças partidárias para a aprovação do parecer.
Em reunião promovida em agosto pela Comissão de Finanças e Orçamento, os representantes das universidades, que reivindicavam o aumento da cota da arrecadação do ICMS repassada às universidades dos atuais 9,57% para 11%, manifestaram temor de que, com o impasse para a votação da LDO, nem os 9,57% sejam garantidos, e as universidades corram o risco de ficar paralisadas pela ausência de verbas.
O Diário da Assembléia ouviu nas últimas duas semanas representantes das entidades ligadas ao Fórum das Seis e realizou reportagens sobre a estrutura e a situação financeira das três universidades estaduais paulistas, matérias que serão publicadas nesta e nas próximas duas edições.
A série de reportagens do Diário da Assembléia começa hoje com a abordagem da maior universidade do país e a terceira da América Latina. A Universidade de São Paulo (USP) reúne 10 campi, distribuídos em 5 cidades do Estado, onde lecionam, estudam e trabalham aproximadamente 97 mil pessoas. Com um orçamento anual que ultrapassa a casa dos R$ 2 bilhões, a instituição enfrenta o desafio de expandir vagas e cuidar da manutenção de uma gigantesca estrutura.
Expansão em risco
Os recursos totais destinados em 2006 pelo governo paulista à USP foram da ordem de R$ 2,25 bilhões, segundo dados fornecidos pelo Sistema de Informações Gerenciais da Execução Orçamentária do Estado (Sigeo). É o maior orçamento universitário do Estado. Parte desses recursos é exclusivamente para a expansão universitária que a instituição vem gerenciando. Em 2004, o montante destinado para essa finalidade representou um acréscimo de R$ 54,2 milhões ao orçamento, dos quais R$ 48,3 milhões serviram para a construção da USP-Leste.
Mesmo assim, o programa corre o risco de sofrer uma paralisação no próximo ano. Segundo declarações recentes feitas pela reitora Sueli Vilela à imprensa, os repasses extras destinados pelo governo estadual à expansão são apenas para investimentos, ou seja, para a construção de novos prédios, e não incluem o pagamento dos salários de professores e pessoal administrativo. Como as despesas com pessoal decorrentes da expansão ficam por conta da USP, a efetiva expansão das vagas, ainda conforme declaração da reitora, ficará na dependência de novos aportes financeiros.
Para o governo, a verba disponível tanto para a USP como para as demais universidades estaduais é suficiente, e a prioridade para 2007 passa a ser a expansão do ensino tecnológico, com as Fatecs.
A gestão dos recursos pela USP
Todos os anos, a USP inicia em abril o recolhimento das sugestões de cada unidade para a elaboração da proposta orçamentária. Em setembro, uma proposta inicial é discutida e, em novembro, a finalização do trabalho é apresentada à apreciação do Conselho Universitário. A peça orçamentária é aprovada pelo conselho em meados de dezembro.
O orçamento universitário (R$ 2,25 bilhões em 2006) inclui também repasses da Lei Kandir, que o governo federal envia aos Estados como compensação à desoneração do ICMS para exportações e investimentos. Na composição orçamentária entram recursos próprios provindos de heranças vacantes, doações, prestação de serviços ao SUS e taxas cobradas em unidades como o Museu Paulista.
Em média, 88% do total do orçamento universitário de 2006 (dados de junho) vem sendo consumido pela folha de pagamento do corpo docente e de funcionários técnicos e administrativos. Aproximadamente, 64% desses recursos vão para os ativos e 23,6% para os inativos. O patamar de 88% para a folha representa aumento de 1% em relação ao ano passado e está acima dos gastos habituais com pessoal nos anos anteriores a 2003, da ordem de 85% do orçamento, o que demonstra o impacto da situação financeira do país nas contas da USP.
Outros custeios e investimentos consomem 12,4%, percentual que é distribuído entre as diversas unidades para sua manutenção. Os recursos orçamentários devem atender também o pagamento de precatórios. Já as verbas do programa de expansão não entram nesta contabilidade por terem custeio próprio.
A luta pelo aumento da cota-parte da Educação e do ensino superior
A reivindicação do aumento dos repasses para as universidades é histórica. Nos últimos anos, a discussão da LDO e da Lei Orçamentária Anual (LOA) trouxe à Assembléia estudantes, professores e funcionários, que vieram se manifestar pela fixação de 33% do Orçamento estadual para a Educação e dos 11,8% do ICMS para as universidades. Atualmente, esses índices são 30% e 9,57%, respectivamente.
Caso a aprovação da LDO 2007 inclua as emendas acolhidas pelo relator da Comissão de Finanças e Orçamento, a verba total das universidades passaria dos R$ 4,26 bilhões, dotados em 2006, para R$ 4,64 bilhões. Essas emendas fixam em 31% o repasse para a Educação e em 10,43% o montante do ICMS destinado às universidades. Deste percentual, 0,43% destina-se especificamente para o programa de expansão universitária. O possível aumento dos recursos orçamentários representaria para a USP um fôlego novo ao programa de expansão de vagas.
Avanço para a Educação
Francisco Miraglia Neto, professor titular do curso de Matemática do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo (IME-USP), coordenador do Fórum das Seis e vice-presidente da Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo (Adusp), disse em entrevista ao Diário da Assembléia que a aprovação do parecer ao PL 225/06 pode representar um avanço significativo para a educação do Estado.
Embora seja otimista com relação ao aumento da verba destinada às universidades estaduais, dos atuais 9,57% para 10,43% da arrecadação do ICMS, Miraglia lembra que o Fórum das Seis reivindicava para toda a Educação 33% do total da receita de impostos do Estado e 11,8% do ICMS para as universidades públicas. Apesar de considerar que os 10,43% já seriam um avanço, o coordenador do Fórum das Seis diz que os problemas ainda assim persistiriam. "Só a folha de pagamento dos aposentados da USP representa 28% da verba destinada à universidade, as salas de aula estão superlotadas e faltam professores", ele destaca.
Outro ponto destacado por Miraglia diz respeito ao hospital universitário, "que também é abastecido com verba destinada à universidade". O professor ressalta a importância do debate sobre as questões sociais, mas não considera correto o desvio de verba de uma área para cobrir outras. Francisco Miraglia apontou a necessidade de o Legislativo paulista promover a discussão sobre o orçamento de forma independente. "A dependência do parlamento ao Executivo prejudica a democracia", ele completa.
A Universidade São Paulo
A USP foi fundada em 25/1/1934 pelo Decreto Estadual 6.283, do governador Armando de Salles Oliveira. Seu primeiro administrador foi Reynaldo Porchat, reitor da Faculdade de Direito do Largo São Francisco. A universidade reuniu algumas faculdades existentes na época no Estado e a recém-criada Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, que recebeu a tarefa de promover a integração dessas áreas do conhecimento à nova instituição de ensino superior, desmembrando-se posteriormente.
A participação da Universidade de São Paulo no total das verbas destinadas às universidades paulistas, de 5,2% do ICMS, dá a dimensão que caracteriza esse megaestabelecimento de ensino superior. Atualmente, a universidade conta com 10 campi, 5.078 docentes, 77.205 alunos matriculados nos cursos de graduação, pós-graduação, mestrado, doutorado e de especialização.
Só na cidade de São Paulo, são 4 campi, incluído aí o recém-inaugurado campus da USP-Leste. Além disso, a instituição mantém 36 centros de formação e pesquisa, 39 bibliotecas, uma editora (Edusp), um jornal, uma revista e um veículo de edição eletrônica.
No quesito serviços à comunidade, para destacar apenas os mais importantes, a universidade reúne o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina (HC-SP), o Hospital Universitário (HU), o Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais, 13 postos de assistência social, 13 clínicas de atendimento odontológico, 8 farmácias e 2 serviços de verificação de óbitos (um para a capital e outro para o interior do Estado).
Notícias mais lidas
- Aumento do salário mínimo estadual e projeto 'Chave-a-Chave' são temas de Sessão Ordinária da Alesp
- Servidores de várias categorias se unem por recomposição salarial
- Na Alesp, policiais penais cobram melhorias e recomposição salarial para a categoria
- Veículos híbridos de SP terão isenção do IPVA por dois anos; confira regras aprovadas pela Alesp
- Alesp recebe audiência pública contra o projeto de remoção da Favela do Moinho
- Alesp reforça compromisso com agronegócio paulista durante Agrishow
- Alesp aprova projeto que ajusta critérios para promoção de patentes na Polícia Militar
- Dia do Trabalhador: um século de conquistas garantidas e liberdade para a busca por novas demandas
- Governo anuncia 18 Escolas Cívicos-Militares em cidades indicadas por deputado
Lista de Deputados
Mesa Diretora
Líderes
Relação de Presidentes
Parlamentares desde 1947
Frentes Parlamentares
Prestação de Contas
Presença em Plenário
Código de Ética
Corregedoria Parlamentar
Perda de Mandato
Veículos do Gabinete
O Trabalho do Deputado
Pesquisa de Proposições
Sobre o Processo Legislativo
Regimento Interno
Questões de Ordem
Processos
Sessões Plenárias
Votações no Plenário
Ordem do Dia
Pauta
Consolidação de Leis
Notificação de Tramitação
Comissões Permanentes
CPIs
Relatórios Anuais
Pesquisa nas Atas das Comissões
O que é uma Comissão
Prêmio Beth Lobo
Prêmio Inezita Barroso
Prêmio Santo Dias
Legislação Estadual
Orçamento
Atos e Decisões
Constituições
Regimento Interno
Coletâneas de Leis
Constituinte Estadual 1988-89
Legislação Eleitoral
Notificação de Alterações