Assembléia constitui Frente Parlamentar pela Energia Limpa e Renovável

Deputados querem a colaboração para agir em favor de um melhor aproveitamento das fontes alternativas (com fotos)
02/10/2001 21:12

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DA REDAÇÃO

Foi constituída nesta terça-feira, 2/10, na Assembléia Legislativa de São Paulo, a Frente Parlamentar pela Energia Limpa e Renovável. Composta por representantes de todos os partidos com assento no Legislativo paulista, a frente deverá se debruçar sobre questões ligadas ao desenvolvimento de fontes energéticas renováveis e menos poluentes.

De acordo com seu coordenador, deputado Arnaldo Jardim (PPS), o objetivo central da iniciativa é reunir as experiências concretas dos parlamentares nesse campo para, em colaboração com a sociedade civil e a comunidade científica, encontrar caminhos para uma maior utilização de energia limpa e renovável.. Na abertura da solenidade de lançamento, o presidente da Assembléia, deputado Walter Feldman, leu o manifesto constitutivo elaborado pelos integrantes da frente. O documento ressalta a necessidade de que a oferta de energia seja ampliada, sem reproduzir os "equívocos de desperdício e de impactos ambientais característicos dos processos produtivos contemporâneos".

Interesse prioritário

Além de considerar a importância de combater o efeito estufa e os problemas causados pelas mudanças climáticas e destacar o papel do Protocolo de Kyoto como indutor de "um crescimento econômico capaz de promover a sustentabilidade e a expansão dos sistemas produtivos já existentes no Estado", o manifesto defende o estímulo a áreas consideradas de interesse prioritário.

Entre as áreas a serem estimuladas, o documento cita a ampliação do uso de combustíveis renováveis, a conservação de energia e de aumento da eficiência energética, a substituição de recursos energéticos de origem fóssil por fontes renováveis de baixo potencial emissor e a co-geração de eletricidade. Um dos tópicos do manifesto afirma que "é possível incrementar o aproveitamento da cana-de-açúcar introduzindo novas tecnologias, implantando tecnologias já conhecidas, promovendo maior utilização do bagaço, desenvolvendo programas compartilhados de produção energética com uso de biomassa e de outros recursos como mini-hidrelétricas e gás natural"

Políticas públicas

O evento contou com a participação de vários representantes da sociedade civil. O presidente da Associação Brasileira de Agrobusiness, Roberto Rodrigues, afirmou que as desigualdades fomentadas pelo processo de globalização em curso até agora são o caldo de cultura da violência e do terrorismo, ameaçando a democracia e a paz. "Na equação da economia é preciso incluir o dado da solidariedade, que se traduz também em redução dos mecanismos de proteção dos mercados dos países ricos, principalmente para os produtos agrícolas", disse Rodrigues. Segundo ele, o Brasil tem o menor custo de produção de cana-de-açúcar em todo o mundo, o que torna viável o máximo aproveitamento do álcool e da biomassa como fontes de energia. "Mas para isso precisamos de políticas públicas adequadas".

Falta de políticas públicas adequadas para o setor sucroalcooleiro também foi o tema principal da intervenção do presidente da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo, Eduardo Carvalho. "Estamos importando petróleo e gás, quando não sabemos o que fazer com a safra de cana do próximo ano e poderíamos estar exportando álcool", disse ele. Carvalho lembrou que dois terços das reservas de petróleo do planeta se encontram em áreas de grande instabilidade política e social, enquanto a agricultura pode fornecer fontes alternativas mais limpas e viáveis economicamente.

alesp