Secretário rebate críticas com desrespeito, protestam deputados


21/11/2003 16:29

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Da assessoria da Liderança do PT

Foi tumultuado o debate entre o secretário estadual da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, e os deputados do PT que participaram da audiência conjunta das comissões de Direitos Humanos (presidida por Renato Simões, do PT) e de Segurança Pública (presidida por Romeu Tuma, do PPS, e que tem o petista Vanderlei Siraque como vice-presidente), realizada em 19/11, para discutir a política de Segurança do Estado e a recente onda de atentados às polícias Civil e Militar.

Enio Tatto, Marcelo Cândido, Renato Simões, Roberto Felício e Vanderlei Siraque cobraram do secretário respostas aos requerimentos de informações encaminhados por seus gabinetes à Secretaria. Abreu Filho tentou desqualificar as cobranças com ironias -- o que os deputados consideraram uma manobra para fugir ao debate. A atitude gerou constrangimento na platéia e chegou ao auge durante debate com Siraque sobre discrepâncias entre índices da Secretaria e os do Seade. O secretário insinuou que o deputado estava mal informado ou não saberia fazer contas. Siraque cobrou respeito: "Exijo respeito de Vossa Senhoria, que ocupa um cargo comissionado. Estou aqui na condição de eleito e represento o povo paulista". Em vez de responder ou se retratar, Abreu Filho levantou-se para cumprimentar um deputado tucano.

Simões questionou a maneira como o Governo reage publicamente aos atentados. "Toda vez que a polícia é alvo de atentados, a justificativa do Governo é que o PCC está desesperado porque houve um endurecimento da ação policial. Isso é tratar o povo como se todos fossem ignorantes", disse. Segundo o deputado, "a política de segurança pública é o carro-chefe do retrocesso dos direitos humanos no Estado de São Paulo. É só ver a quantidade de denúncias contra o Gradi. O secretário afirma que a polícia está motivada, mas isso é um absurdo. Na Comissão de Direitos Humanos já realizamos três audiências sobre os direitos humanos dos policiais e todas as entidades são unânimes em afirmar que nunca os policiais estiveram em situação tão drástica. O fórum que reúne as entidades policiais já fez até manifestação na Avenida Paulista para denunciar essa situação".

Para Ítalo Cardoso, o relato de Abreu Filho é desconexo com a realidade. "Ouvindo o secretário, fiquei me perguntando se vivíamos na mesma cidade, no mesmo Estado. Parece que estamos no mundo da fantasia. O que existe, de fato, é o completo desvirtuamento da política de segurança, resultado de um processo que já dura nove anos", afirmou o deputado. "O número de policiais com problemas psicológicos chega a 30% na Polícia Militar. É um dado assustador, e evidencia que muita coisa está errada. Como um policial pode zelar pela segurança do cidadão se mal pode zelar por sua segurança?", questionou Cardoso.

O delegado geral da Polícia Civil, Marco Antônio Desgualdo, e o comandante da Polícia Militar, Alberto Silveira Rodrigues, estiveram presentes. Beth Sahão, José Zico Prado e Vicente Cândido acompanharam a reunião.

alesp