Da assessoria da Liderança do PTFoi tumultuado o debate entre o secretário estadual da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, e os deputados do PT que participaram da audiência conjunta das comissões de Direitos Humanos (presidida por Renato Simões, do PT) e de Segurança Pública (presidida por Romeu Tuma, do PPS, e que tem o petista Vanderlei Siraque como vice-presidente), realizada em 19/11, para discutir a política de Segurança do Estado e a recente onda de atentados às polícias Civil e Militar.Enio Tatto, Marcelo Cândido, Renato Simões, Roberto Felício e Vanderlei Siraque cobraram do secretário respostas aos requerimentos de informações encaminhados por seus gabinetes à Secretaria. Abreu Filho tentou desqualificar as cobranças com ironias -- o que os deputados consideraram uma manobra para fugir ao debate. A atitude gerou constrangimento na platéia e chegou ao auge durante debate com Siraque sobre discrepâncias entre índices da Secretaria e os do Seade. O secretário insinuou que o deputado estava mal informado ou não saberia fazer contas. Siraque cobrou respeito: "Exijo respeito de Vossa Senhoria, que ocupa um cargo comissionado. Estou aqui na condição de eleito e represento o povo paulista". Em vez de responder ou se retratar, Abreu Filho levantou-se para cumprimentar um deputado tucano. Simões questionou a maneira como o Governo reage publicamente aos atentados. "Toda vez que a polícia é alvo de atentados, a justificativa do Governo é que o PCC está desesperado porque houve um endurecimento da ação policial. Isso é tratar o povo como se todos fossem ignorantes", disse. Segundo o deputado, "a política de segurança pública é o carro-chefe do retrocesso dos direitos humanos no Estado de São Paulo. É só ver a quantidade de denúncias contra o Gradi. O secretário afirma que a polícia está motivada, mas isso é um absurdo. Na Comissão de Direitos Humanos já realizamos três audiências sobre os direitos humanos dos policiais e todas as entidades são unânimes em afirmar que nunca os policiais estiveram em situação tão drástica. O fórum que reúne as entidades policiais já fez até manifestação na Avenida Paulista para denunciar essa situação". Para Ítalo Cardoso, o relato de Abreu Filho é desconexo com a realidade. "Ouvindo o secretário, fiquei me perguntando se vivíamos na mesma cidade, no mesmo Estado. Parece que estamos no mundo da fantasia. O que existe, de fato, é o completo desvirtuamento da política de segurança, resultado de um processo que já dura nove anos", afirmou o deputado. "O número de policiais com problemas psicológicos chega a 30% na Polícia Militar. É um dado assustador, e evidencia que muita coisa está errada. Como um policial pode zelar pela segurança do cidadão se mal pode zelar por sua segurança?", questionou Cardoso.O delegado geral da Polícia Civil, Marco Antônio Desgualdo, e o comandante da Polícia Militar, Alberto Silveira Rodrigues, estiveram presentes. Beth Sahão, José Zico Prado e Vicente Cândido acompanharam a reunião.