Opinião - Tsunami ou marola?


12/02/2009 13:16

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Por maior que seja a desgraça, o brasileiro, de alguma forma, acaba transformando-a em anedota. Parece incrível, mas sempre foi assim e, por maior que seja a calamidade, em pouco tempo ela é transformada em piada. O brasileiro consegue fazer piada até de queda de avião. Com o advento da crise financeira internacional, vimos o presidente Lula, tentando minimizar os seus efeitos, cair na besteira de dizer que se tratava de apenas uma "marolinha" diante da estabilidade e pujança econômica do país. Segundos depois, mais essa pérola de sua incontinência verbal deu origem a dezenas de piadas e comparações com o terrível tsunami.

O fato é que, marola ou tsunami, a crise é real, ninguém está imune a ela e, na verdade, ninguém até agora conseguiu avaliar quais as suas reais proporções e consequências. Como cidadão brasileiro, não especialista em economia e mercado internacional, de repente me senti bombardeado por informações do tipo: a crise levará à recessão e à quebradeira das empresas e, assim, irá gerar o desemprego em massa, com o consequente aumento da miséria, que fará explodir a violência e a criminalidade, levando à convulsão social...

Basta! A crise existe, é séria, não tem solução simplista e, em curto prazo, com certeza, haverá perdas, mas não podemos torcer pelo jacaré em filme do Tarzan. A questão agora transcende qualquer questiúncula político-partidária ou ideológica, pois está em jogo a dignidade de vida do povo brasileiro. Não interessa se gosto ou não do presidente ou de seu partido, não interessa se confio ou não na classe política ou nos poderes constituídos, o momento agora é de união, no qual todos devem ajudar.

Fomentar ou potencializar a crise para provocar desgastes políticos no adversário ou levar vantagem pessoal é dar tiro no próprio pé. Quem ganha com uma brusca desaceleração da economia do país? Que país restará para ser governado pelo partido A, B ou C se o caos vier?

Tem um ditado que diz: "A dor é o cimento da solidariedade". É na crise que conhecemos quem é quem. É hora de esquecermos as diferenças e juntar as forças para a travessia, que não será tranquila, mas que pode acontecer com um mínimo de perdas e dor. Patrão e empregado, governo e servidores públicos, ativos e aposentados, ricos e pobres, todos devem dar as mãos neste momento...

A sociedade precisa fazer um pacto de não permitir que especuladores ou qualquer outro tipo de "parasita de plantão", seja da área publica ou privada, nacional ou internacional, tente faturar com a tragédia. Pior ainda, aqueles que tentarem justificar suas omissões ou irresponsabilidades na falta de investimentos em serviços ou estruturas essenciais à sociedade: a saúde está precária por causa da crise; os transportes estão deficitários, culpa da crise; a criminalidade aumentou, culpa da crise... e assim por diante.

É chegada a hora de esquecermos a mesquinhez e o egoísmo e pensarmos em Ética, Cidadania e Fraternidade. Lembre-se: na crise, tire o "s" e crie. Tsunami ou marola, pouco importa o tamanho da onda, o importante é estar preparado para ela.



*Olimpio Gomes é deputado estadual pelo Partido Verde e major da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

alesp