AMAMENTAÇÃO: RESPONSABILIDADE DE TODOS - OPINIÃO

Pedro Tobias*
03/10/2001 17:40

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Na Semana Mundial de Amamentação, vamos ressaltar a importância deste procedimento de amor e carinho que traz vários benefícios para a saúde do bebê e também para sua mãe.

Todos nós já sabemos que os bebês devem ser alimentados exclusivamente ao seio pelo menos nos seis primeiros meses de vida.

De uma forma geral, as crianças que mamam no peito são mais inteligentes. Eles precisam de afago. Na amamentação, o contato físico é maior e proporciona à mãe e ao bebê um momento de proximidade diária. Essa ligação emocional muito forte e precoce pode facilitar o desenvolvimento da criança e seu relacionamento com outras pessoas. O desenvolvimento psicomotor e social dos bebês amamentados é claramente melhor e resulta em vantagens significantes.

O leite materno contém todos os nutrientes de que a criança precisa nos primeiros meses de vida. Tem água em quantidade suficiente e contém proteína e gordura mais adequadas para a criança. Também tem mais lactose (açúcar do leite) e vitaminas necessárias ao bebê. É importante frisar ainda que crianças em aleitamento materno exclusivo têm menos quadros infeciosos porque o leite materno é estéril, isento de bactérias.

A amamentação também protege o bebê contra problemas de visão. O leite materno é, em geral, a maior fonte de vitamina A nos primeiros 24 meses de vida, ou durante o período de amamentação.

A mãe que amamenta se sente mais segura e menos ansiosa. Afinal, não existe nada melhor que olhar um bebê de seis meses de idade e saber que toda a nutrição que ele precisa vem de você.

A amamentação proporciona ainda mais rapidez na diminuição do volume do útero e evita a hemorragia no pós-parto, uma das principais causas de mortalidade materna no Brasil.

A mulher que amamenta também tem menos risco de contrair câncer de mama. Segundo pesquisas recentes, se todas as mulheres que não amamentaram ou amamentaram menos de três meses tivessem amamentado por 4 a 12 meses, o câncer de mama entre mulheres na pré-menopausa poderia ser reduzido em 11%. Se todas as mulheres amamentassem por 24 meses ou mais, essa incidência seria reduzida em quase 25%.

A mulher tem o direito de escolher a melhor forma de alimentar seu filho. Essa decisão pessoal deve ser tomada com base em informações corretas e nas expectativas que a mulher tem, naquele momento, em relação à maternidade e aos cuidados com o bebê que acaba de nascer.

É natural e inevitável, no entanto, que a mãe sofra fortes influências, sentindo-se, muitas vezes, insegura quanto as melhores opções para o seu bebê e para ela própria.

A família, os profissionais de saúde, os meios de comunicação, instituições religiosas, o trabalho e a própria formação da mulher - com mitos e tabus que carrega desde a infância - são fatores que influenciam diretamente nesta decisão. Na grande maioria das vezes, a mulher não decide dar mamadeira, mas é levada a isso pela falta de apoio e orientação adequados por parte de toda a sociedade.

Desde a infância, a sociedade estimula a mulher a ser mãe. Esta mesma sociedade, porém, não oferece à mulher o suporte necessário para que a maternidade não seja um sacrifício, e sim uma experiência agradável. Amamentação não deve ser sinônimo de privação e sofrimentos. A sociedade deve garantir à mulher o direito de trabalhar, estudar, divertir-se e continuar aleitando por quanto tempo quiser.

Em todos os níveis deve haver o comprometimento para que a mulher possa amamentar com tranquilidade e prazer. As mulheres se sentem seguras quando a comunidade as ajuda a superar as dificuldades, oferece espaços para que possam amamentar no local de trabalho e quando os profissionais de saúde têm uma posição ética em relação à promoção de substitutos do leite materno e usam seu conhecimento para ajudar as mães a amamentar.

Pedro Tobias é médico ginecologista e deputado estadual pelo PSDB

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