DA ASSESSORIA O Projeto de Lei 725/2001, de autoria do 2.º secretário Dorival Braga (PTB), que estabelece a obrigatoriedade de dotação das salas de aula dos estabelecimentos de ensino da rede oficial do Estado de bebedouros - utilizando o sistema de água mineral envasada em garrafões de plástico - foi tema do programa "Em Discussão", da TV Assembléia. A gravação do programa, que irá ao ar neste final de semana, foi realizada na tarde da última terça-feira, 17/12.Além do parlamentar, fizeram parte da mesa de discussão Ângela Pocol, diretora do Centro de Vigilância Sanitária, da Secretaria da Saúde; Petra Sanchez, assessora da Abimam, associação que congrega as empresas responsáveis pelo envasamento da água mineral; e Fraterno Vieira, editor da revista Água e Vida. O debate foi intermediado pela jornalista Ana Kaline.A visão do deputadoPara o deputado Dorival Braga, o Estado de São Paulo oferece às crianças da rede estadual de ensino uma merenda de qualidade, mas não se pode afirmar o mesmo a respeito da água. O deputado afirma que, apesar de a água distribuída hoje em São Paulo ter qualidade comprovada e ser potável, ela já "vem pesada" após ter recebido o tratamento necessário para torná-la própria para consumo. Outra questão levantada por Dorival Braga diz respeito à maneira que o aluno bebe a água, normalmente fazendo uso das próprias mãos como receptáculo, já que não é habitual o uso de copos descartáveis ou de que cada um leve seu próprio copo para a escola.O parlamentar levanta ainda um outro problema: a falta de limpeza das caixas d'água, o que também pode acarretar contaminação e levar a doenças.Padrões de análise são variáveisPara a diretora de Saneamento do Centro de Vigilância Sanitária, a médica sanitarista Ângela Pocol, atualmente a maior causa de doenças nas creches é a alimentação e não a água. "De qualquer forma, intercorrências podem acontecer, mas estamos atentos para que isso ocorra cada vez menos". De acordo com ela, o Programa de Vigilância da Qualidade da Água, já implantado em 580 dos 642 municípios paulistas, garante que a água que chega ao cavalete das escolas seja de qualidade. No entanto, ela defende que haja uma maior fiscalização das condições das caixas d'água e que as crianças e jovens tenham acesso a sabonetes e copos de uso individual, como forma de melhor consumir a água que chega aos bebedouros.Ângela Pocol lembrou que a água distribuída em São Paulo obedece à legislação vigente e que, a partir de 2003, uma nova legislação estabelecerá parâmetros ainda mais restritivos que os atuais.A assessora da Abinam, Petra Sanchez, afirmou que a água da rede do Estado de São Paulo é muito bem tratada. "Ela é potável, mas, como disse o deputado, é "pesada", pois já recebeu um sério grau de poluição e uma grande quantidade de cloro a fim de deixá-la em condição de ser consumida." De acordo com ela, "a água mineral, por sua vez, é de subsolo, não recebe nenhum tratamento e segue padrões mais rígidos de análise". Quanto aos possíveis problemas em relação aos garrafões, a assessora da Abinam disse que eles vêm sendo sanados e que a associação já criou normas internas para o envasamento, além de um manual para as empresas de água.Para Petra Sanchez ,a utilização de água mineral distribuída em garrafões pelos alunos das escolas seria uma forma de diminuir o risco de contaminação. "Trabalhei 28 anos na Cetesb e já encontrei de tudo em caixas d'água. Isso me dá a dimensão da importância desse projeto", disse ela.1,2 bilhão sem acesso à águaO editor da revista Água e Vida, Fraterno Vieira, também ressaltou a importância do projeto de Dorival Braga. Segundo ele, milhões de pessoas morrem por ano, no mundo, por doenças transmitidas ou causadas pela água. Vieira enfatizou a preocupação do deputado com a água e disse que esse é um assunto que não tem merecido a devida atenção das autoridades. "A água é vida. É o segundo item mais importante para a vida, depois do oxigênio. E é um bem escasso." De acordo com ele, hoje mais de 1,2 bilhão de pessoas não têm acesso à água potável. Os "culpados" por essa realidade seriam dois: o crescimento populacional e o desperdício. E esse número de pessoas sem acesso à água potável deve passar dos 9 bilhões no ano de 2025. Para Vieira, o Brasil é rico em água, e deveria se preocupar mais com ela. Dorival Braga encerrou sua participação no debate ressaltando que sabe da preocupação do governador Geraldo Alckmin com a saúde no Estado de São Paulo. De acordo com o Projeto de Lei 725/2001, a água mineral será adquirida através de convênios com as prefeituras e fará parte da merenda escolar.