Projeto de Dorival Braga é destaque na TV Assembléia

Técnicos apóiam projeto que dispõe sobre a obrigatoriedade de instalação de bebedouros com água mineral na rede escolar estadual.
18/12/2002 15:15

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DA ASSESSORIA

O Projeto de Lei 725/2001, de autoria do 2.º secretário Dorival Braga (PTB), que estabelece a obrigatoriedade de dotação das salas de aula dos estabelecimentos de ensino da rede oficial do Estado de bebedouros - utilizando o sistema de água mineral

envasada em garrafões de plástico - foi tema do programa "Em

Discussão", da TV Assembléia. A gravação do programa, que irá

ao ar neste final de semana, foi realizada na tarde da última terça-

feira, 17/12.

Além do parlamentar, fizeram parte da mesa de discussão

Ângela Pocol, diretora do Centro de Vigilância Sanitária, da

Secretaria da Saúde; Petra Sanchez, assessora da Abimam,

associação que congrega as empresas responsáveis pelo

envasamento da água mineral; e Fraterno Vieira, editor da

revista Água e Vida. O debate foi intermediado pela

jornalista Ana Kaline.

A visão do deputado

Para o deputado Dorival Braga, o Estado de São Paulo oferece

às crianças da rede estadual de ensino uma merenda de

qualidade, mas não se pode afirmar o mesmo a respeito da

água. O deputado afirma que, apesar de a água distribuída hoje

em São Paulo ter qualidade comprovada e ser potável, ela

já "vem pesada" após ter recebido o tratamento necessário

para torná-la própria para consumo. Outra questão levantada

por Dorival Braga diz respeito à maneira que o aluno

bebe a água, normalmente fazendo uso das próprias mãos

como receptáculo, já que não é habitual o uso de copos

descartáveis ou de que cada um leve seu próprio copo para a

escola.

O parlamentar levanta ainda um outro problema: a falta de

limpeza das caixas d'água, o que também pode acarretar

contaminação e levar a doenças.

Padrões de análise são variáveis

Para a diretora de Saneamento do Centro de Vigilância

Sanitária, a médica sanitarista Ângela Pocol, atualmente a

maior causa de doenças nas creches é a alimentação e não a

água. "De qualquer forma, intercorrências podem acontecer,

mas estamos atentos para que isso ocorra cada vez menos". De

acordo com ela, o Programa de Vigilância da Qualidade da

Água, já implantado em 580 dos 642 municípios paulistas,

garante que a água que chega ao cavalete das escolas seja de

qualidade. No entanto, ela defende que haja uma maior

fiscalização das condições das caixas d'água e que as

crianças e jovens tenham acesso a sabonetes e copos de uso

individual, como forma de melhor consumir a água que chega

aos bebedouros.

Ângela Pocol lembrou que a água distribuída em São Paulo

obedece à legislação vigente e que, a partir de 2003, uma

nova legislação estabelecerá parâmetros ainda mais

restritivos que os atuais.

A assessora da Abinam, Petra Sanchez, afirmou que a água da

rede do Estado de São Paulo é muito bem tratada. "Ela é

potável, mas, como disse o deputado, é "pesada", pois já

recebeu um sério grau de poluição e uma grande quantidade de

cloro a fim de deixá-la em condição de ser consumida." De

acordo com ela, "a água mineral, por sua vez, é de subsolo,

não recebe nenhum tratamento e segue padrões mais rígidos de

análise".

Quanto aos possíveis problemas em relação aos

garrafões, a assessora da Abinam disse que eles vêm sendo

sanados e que a associação já criou normas internas para o

envasamento, além de um manual para as empresas de água.

Para Petra Sanchez ,a utilização de água mineral distribuída em

garrafões pelos alunos das escolas seria uma forma de

diminuir o risco de contaminação. "Trabalhei 28 anos na

Cetesb e já encontrei de tudo em caixas d'água. Isso me dá a

dimensão da importância desse projeto", disse ela.

1,2 bilhão sem acesso à água

O editor da revista Água e Vida, Fraterno Vieira, também

ressaltou a importância do projeto de Dorival Braga. Segundo

ele, milhões de pessoas morrem por ano, no mundo, por doenças

transmitidas ou causadas pela água. Vieira enfatizou a

preocupação do deputado com a água e disse que esse é um

assunto que não tem merecido a devida atenção das

autoridades. "A água é vida. É o segundo item mais importante

para a vida, depois do oxigênio. E é um bem escasso." De

acordo com ele, hoje mais de 1,2 bilhão de

pessoas não têm acesso à água potável. Os "culpados" por essa

realidade seriam dois: o crescimento populacional e o

desperdício. E esse número de pessoas sem acesso à água

potável deve passar dos 9 bilhões no ano de 2025. Para

Vieira, o Brasil é rico em água, e deveria se preocupar mais

com ela.

Dorival Braga encerrou sua participação no debate ressaltando

que sabe da preocupação do governador Geraldo Alckmin com a saúde no Estado de São Paulo.

De acordo com o Projeto de Lei 725/2001, a água mineral será

adquirida através de convênios com as prefeituras e fará

parte da merenda escolar.

alesp