É HORA DE REFLEXÃO - OPINIÃO

Pedro Tobias*
26/03/2002 17:47

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O atual governo do PSDB tem assegurado um lugar de destaque na história do Brasil. O país obteve sucesso no combate à inflação e avançou nas questões sociais. O Plano Real é um sucesso até hoje. O que poucos percebem é que desde 1994 vivemos, também, um período de estabilidade político-institucional, algo indispensável à vida e ao desenvolvimento das sociedades contemporâneas.

De acordo com o IBGE, somos, hoje, cerca de 170 milhões de habitantes, num país com a complexidade de ser um dos maiores do mundo em território, em população e em produção econômica. Desses 170 milhões, cerca de 40% têm menos de 19 anos. Isso significa que tinham no máximo 12 anos de idade quando, em poucos meses, a taxa de inflação fazia com que os preços dobrassem a cada bimestre. Não podemos voltar àquela triste realidade.

Hoje estamos diante de realidades econômicas bem diferentes, onde a população recuperou seu poder de compra .

Chegar a este estágio num país como o nosso exigiu um esforço gigantesco. Mantê-lo e ir além é um desafio ainda maior e cabe a nós enfrentá-lo, assim como estamos enfrentando a guerra contra a violência, uma luta sem trégua que necessita do apoio de todas as pessoas que tratam o tema com a responsabilidade que merece, e não de forma simplista ou eleitoreira.

O governo Fernando Henrique Cardoso está desenvolvendo uma série de ações que visam promover a tão desejada justiça social. Inúmeros programas, como o Bolsa-Escola, Bolsa-Alimentação, Saúde da Família e muitos outros, estão garantindo a igualdade nos direitos, traço essencial da social demoracia.

Em outubro deste ano vamos exercer um dos direitos mais importantes para a democracia : o voto. Através dele, vamos decidir os destinos do Brasil. É uma responsabilidade enorme. Por isso não devemos nos levar apenas pela emoção, mas analisar outros aspectos para ajudar em nossas decisões. Devemos procurar conhecer, por exemplo, a biografia do candidato, a sua matriz ideológica, os grupos ou pessoas que o acompanham, se tem experiência, se é coerente com as lutas do passado, se tem projetos claros para o país, tradição democrática, compromisso com o programa do partido a qual pertence e, se tem tradição na defesa dos interesses brasileiros junto a comunidade internacional.

Tais critérios parecem bastante objetivos na pré-candidatura de José Serra, do PSDB, a liderança mais preparada para assumir a responsabilidade do comando da República. Devo dizer que não se trata de proselitismo e muito menos em desqualificar gratuitamente os demais candidatos ou partidos políticos. O fato é que teremos que optar, decidir, delegar poder a alguém que conduzirá o Executivo Nacional. Então, por que José Serra ?

Ele tem uma biografia política transparente. Participou ativamente dos movimentos estudantis da União Nacional dos Estudantes (UNE), não se rendeu ao projeto autoritário dos militares após 1964, foi perseguido e exilado por 14 anos, foi para o Chile, onde também foi perseguido. Retornou ao país após a abertura política, trabalhou como secretário do Planejamento do Estado de São Paulo, no governo do saudoso Franco Montoro. Nesse período, organizou as finanças do Estado, o que possibilitou ao governador realizar uma excelente administração, reconhecida até hoje inclusive pelos seus adversários; foi fundador do PSDB, onde milita até hoje; elegeu-se duas vezes deputado federal e senador por São Paulo, ocupou o Ministério do Planejamento e acaba de fazer uma gestão competente no Ministério da Saúde, onde enfrentou fortes grupos que se opunham à fabricação de remédios genéricos, medida essa de forte impacto social, porque barateou muitos medicamentos. Hoje temos 500 medicamentos genéricos registrados, dos quais 350 disponíveis para a população. Os demais estarão no mercado dentro de dois meses. Serra também defendeu com sucesso a quebra de patentes de remédios essenciais, tema de ampla repercussão mundial. Sua gestão também foi marcada pela geração de empregos. Estima-se que em quatro anos foram criados mais de 300 mil empregos no setor da saúde, somente em decorrência das ações do Ministério da Saúde.

Por fim, de sua honestidade nem é preciso tratar. Não há máculas em sua biografia de estadista que tem um claro projeto de desenvolvimento econômico com distribuição de renda para o Brasil. Um projeto que, ao mesmo tempo, insere o país num mundo globalizado, defende os interesses nacionais e a nossa soberania; um projeto que vai ao encontro da cidadania porque prevê distribuição de renda, elevação da escolaridade e uma política de saúde pública fortemente centrada na prevenção e para o atendimento das populações mais pobres do país. Portanto, a candidatura de José Serra não é apenas mais uma. Ela representa um projeto para o Brasil do século 21, representa modernização da economia, a preservação da estabilidade econômica e política, a modernização das relações entre o capital e o trabalho, representa ainda a manutenção do diálogo com forças políticas do país e do exterior. Serra representa a convergência de forças que lutam contra projetos políticos oligárquicos conservadores ou projetos corporativos sustentados pelo rancor ou ainda pelo sectarismo rançoso.

Por tais motivos estou me pronunciando em defesa deste projeto para o Brasil a ser conduzido por José Serra. Por tais razões que faço uma convocação a todos os cidadãos bem intencionados para refletirem e somarem esforços em torno desse projeto para o nosso país.

Pedro Tobias é deputado estadual pelo PSDB

alesp