No último dia 7 de março foi realizada, na sede paulista do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), uma reunião entre a comunidade quilombola Caçandoca e a Superintendência regional da instituição. Articulado pelo deputado Simão Pedro (PT), o encontro discutiu a titularização da área habitada há mais de 100 anos pelos quilombolas em Ubatuba, no litoral norte do Estado. No centro do debate, a ameaça iminente de que o mandado de reintegração de posse expedido pela Justiça seja cumprido e as famílias, expulsas do local.Na ocasião, o superintendente do Incra em São Paulo garantiu que a instituição irá cumprir a orientação do presidente Lula e trabalhar para que a área seja colocada dentro do programa de titularização do Governo federal. A iniciativa é especialmente importante, pois, enquanto corre o processo de titularização, o mandado de reintegração de posse impetrado por grileiros e por empresas da região não pode ser executado.A comunidade, composta por 60 famílias, vem sofrendo com as ações dos especuladores imobiliários da região, que utilizam métodos violentos para intimidar os quilombolas e expulsá-los do local. Alguns moradores já tiveram suas casas incendiadas e freqüentemente recebem ameaças dos especuladores.Para Simão Pedro, a ação do Incra representa um passo importante para garantir as terras em Ubatuba a quem de direito. "A orientação do Governo federal, com a qual concordamos, é a de titularizar as terras. Isso é uma conquista para as comunidades quilombolas que há muito lutam para poder viver tranquilamente".O Incra, que colocou sua assessoria técnica e jurídica à disposição da comunidade Caçandoca, acredita que até o final de 2005 a área seja titularizada. Em julho, haverá uma nova reunião para avaliar o andamento dos processos e verificar se novas medidas precisam ser encaminhadas pela instituição. O superintendente do órgão ainda afirmou que, em abril, irá até a região conhecer a comunidade e discutir o caso.spedro@al.sp.gov.br