Na Boléia

Opinião - Milton Flávio
20/01/2005 16:00

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O prefeito de São Paulo, José Serra, dono de um admirável currículo político e intelectual, dias antes de sua posse disse com todas as letras, vírgulas e pontos que não governaria com os olhos no retrovisor. Fez bem. De fato, ninguém elege quem quer que seja para que ele fique quatro anos --ou oito-- chorando o leite derramado. O eleitor quer soluções para os problemas que o afligem. Mas não dá para, no comando da boléia, ignorar o retrovisor, sob pena de ver o caminhão atropelado pela incompetência de uma administração, a de Marta Suplicy, do PT, que nada fica a dever a de Celso Pitta e assemelhados.

O que já se sabe hoje é bem mais grave do que se sabia há tempos. Resta torcer para que amanhã a situação não se mostre ainda mais dramática. A opção pelo empreguismo dos companheiros de estrela, pela propaganda desabrida, por obras caras e ineficientes (como o túnel da avenida Rebouças, entre outras), pela irresponsabilidade fiscal e falta de qualquer planejamento digno do nome, ora, tudo isso só podia resultar no que resultou: numa gestão temerária, que desrespeitou a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e lançou ao córner os bons costumes políticos.

Que a ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), pretenda governar o Estado, vá lá. Mas que membros da cúpula do PT digam, como disseram em alto e bom som, que sua gestão é 'patrimônio' do modo petista de governar, é algo além da conta.

Não se trata, como disse Serra, de ficar olhando para trás, de lamentar a 'herança maldita', para usar uma expressão tão ao gosto dos que chegaram ao Palácio do Planalto cavalgando suas bravatas. Mas de alertar os que, em morando no Interior e outras regiões do Estado, ainda se possam deixar levar amanhã, quem sabe, pela propaganda enganosa e custosa, que sangra os cofres públicos.

Milton Flávio (PSDB) é deputado estadual

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