Ambos parecem mais interessados no projeto eleitoral de 2010 do que no fortalecimento das instituições democráticas do país. Isso fica cada vez mais evidente quando analisamos os fatos. Enquanto a sociedade brasileira espera que o presidente do Senado, José Sarney, se afaste do cargo para promover uma investigação isenta de todas as denúncias publicadas pela imprensa com relação à existência de contratos superfaturados, empréstimos consignados e atos secretos na Casa, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, interfere de forma inadmissível em defesa da permanência de Sarney. O Poder Executivo está interferindo no Poder Legislativo para fazer valer a vontade imperial do presidente Lula. Sua intervenção em questões internas do Senado mostra claramente que o presidente da República está deslumbrado pelo poder, constrangendo os próprios companheiros do seu partido, o PT, e na contramão da sociedade. A interferência do Palácio do Planalto nos assuntos do Senado é uma vergonha nacional, pois a crise que atravessa a instituição é um problema que deve ser resolvido por meio de medidas administrativas internas. Mas a preocupação eleitoral do presidente Lula é tão grande que ele obrigou o PT a mudar de opinião a respeito do afastamento de Sarney da presidência do Senado. Apoiar a saída de Sarney é o mínimo que se espera de um presidente sério e estadista, que trabalha para o fortalecimento das instituições democráticas, como no caso do Senado, que não pode continuar como está. O primeiro passo para buscar superar a crise e retomar a credibilidade é o licenciamento de Sarney da presidência daquela Casa. Mas ele persiste e resiste, com total apoio de Lula, em nome de um projeto eleitoral no ano que vem. Isso é uma vergonha, pois um presidente da República não pode viver em cima de um palanque eternamente. *Pedro Tobias é deputado estadual pelo PSDB