Seminário debate a crise do setor energético


16/10/2000 18:18

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Com o objetivo de promover um debate sobre a grave situação energética do país e do Estado de São Paulo, considerando, inclusive, os riscos reais e imediatos da crise de suprimento de energia, a Assembléia Legislativa está sediando hoje, 16/10, a partir das 8h30, o seminário Colapso Energético e Alternativas Futuras - São Paulo, promovido pela Federación Internacional de Sindicatos de Trabajadores de la Química, Energía, Minas y Industrias Diversas (Icem), congregando, dentre outros, setores representativos nacionais de trabalhadores da área, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Central Geral dos Trabalhadores (CGT) e a Federação Única dos Petroleiros (FUP).

Segundo os organizadores do evento, "o seminário quer mostrar aos participantes a irracionalidade do Estado ao abrir mão do controle energético como instrumento essencial para a realização de políticas de desenvolvimento industrial e social".

Na abertura dos trabalhos, o deputado Roberto Gouveia (PT), 1.º secretário da Assembléia Legislativa paulista, saudou os participantes do evento dizendo que espera que o encontro "estabeleça uma jornada de luta para repensar o processo de privatizações em curso no Estado".

O vice-presidente da Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias do Congresso Nacional, deputado federal Arlindo Chinaglia (PT-SP), chamou a atenção para o fato de "as privatizações feitas pelos governos federal e estadual estarem vendendo o patrimônio público para sustentar a farsa de uma economia totalmente desarrumada".

Também o deputado federal Luís Antônio Fleury Filho (PTB-SP), presidente da Comissão de Minas e Energia do Congresso, manifestou-se, através de comunicado lido por seu assessor, no qual avalia que "a adoção do atual modelo de privatização leva à dependência do capital externo e que a Comissão de Minas e Energia está empenhada na construção de uma nova matriz energética para o país".

A crise do modelo. Segundo o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Luís Pinguelli Rosa, o governo e os empresários já admitiram que as privatizações feitas não atraíram os investimentos necessários à expansão do setor. Dados trazidos pelo professor mostram que no Sudeste e Centro-Oeste o risco de déficit de energia passou de 5% para 15,1%, em 2000, e para 16,9%, em 2001. Para o professor, "o primeiro sinal foi dado pelo blackout acontecido em 1998, quando o governo o justificou dizendo que havia caído um raio na região de Bauru, sendo que, naquele dia, nenhum raio havia caído".

Pinguelli asseverou que "a crise é para já e o tempo que o governo se deu para construir as 49 termelétricas, que minorariam o problema, não será suficiente. As usinas não ficarão prontas antes do colapso".

Para o professor, "o Brasil vive uma grande mentira, a das privatizações, pois elas não trouxeram mais investimentos para o setor e a tarifa ficou mais cara a partir da desestatização".

O seminário se prolonga pelo período da tarde, quando acontecem mais duas discussões: A Privatização em São Paulo - Conseqüências Alternativas e O Controle Social da Energia como Instrumento de Desenvolvimento Regional.

alesp