DA REDAÇÃO Depois de ver suspensos os seus trabalhos por decisão judicial e de sofrer uma série de percalços, a CPI das Financeiras encerrou seus trabalhos, em março, com a apresentação de um relatório final de 1.200 páginas. Instalada em junho de 2001, com o objetivo de apurar práticas abusivas contra o consumidor, a comissão colheu 25 depoimentos de clientes lesados e de representantes de instituições financeiras investigadas. Mandados de segurança impetrados por empresas e pessoas convocadas pela CPI obtiveram liminares na Justiça que impediram a continuidade das investigações. Os trabalhos chegaram a ser suspensos, por força de uma liminar concedida a mandado de segurança, que alegava não haver fato determinado que justificasse uma comissão parlamentar de inquérito. Entretanto, os membros da comissão conduziram dois eixos de investigação, que compõem o corpo do relatório apresentado.O primeiro deles esteve a cargo do deputado Salvador Khuriyeh (PSB), sub-relator dos casos Ruth Escobar e HSBC. O relatório acolheu parte das denúncias feitas à CPI pela atriz e produtora teatral contra o banco HSBC. Escobar teria sofrido um prejuízo de aproximadamente 4 milhões de dólares aplicados no HSBC.O outro eixo de investigações, objeto do sub-relatório do deputado José Rezende (PFL), foram as operações das factorings. Segundo Rezende, grande parte das empresas investigadas operam em atividades que fogem ao próprio âmbito de atuação. A Associação Nacional das Factorings (Anfac) foi autora de grande parte das impetrações de mandados de segurança contra a CPI. Como as atividades das factorings não têm regulamentação, encobrem em muitos casos operações de agiotagem.Aldo Demarchi (PPB), relator geral da CPI, disse que o sentimento no encerramento dos trabalhos é um misto de frustração e de dever cumprido. Os membros da CPI enfrentaram um "império poderoso", disse. "Sofremos todo tipo de cerceamento por parte desse setor, um dos maiores criminosos do país."O relatório das Financeiras foi encaminhado às autoridades monetárias, ao Ministério Público, à Câmara dos Deputados, ao Procon e a entidades de defesa do consumidor, às centrais sindicais, à Receita Federal, à Polícia Federal e ao Ministério da Fazenda.