O governo FHC serve ao sistema financeiro nacional, diz Garotinho

(com fotos)
11/05/2001 18:08

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O governador Anthony Garotinho, do Rio de Janeiro, afirmou que o governo Fernando Henrique Cardoso serve ao sistema financeiro nacional, representado por apenas 20 famílias donas de bancos. A afirmação foi dada como resposta à pergunta "A quem serve o governo Fernando Henrique Cardoso?", feita por ele mesmo durante palestra proferida no Encontro Nacional dos Deputados Estaduais do Partido Socialista Brasileiro (PSB), realizado nesta sexta-feira, 11/5, no auditório Franco Montoro da Assembléia Legislativa de São Paulo.

Garotinho partiu da premissa de que todo o governo serve a alguém e que seria ingenuidade achar que não. No caso do governo FHC, Garotinho foi categórico. Para ele, Fernando Henrique pagou R$ 500 bilhões de juros de uma dívida de R$ 50 bilhões, contraída para pagamento da dívida interna. "Fernando Henrique diz que não há inflação, mas criou um sistema perverso de taxa de juros, em que se pega dinheiro nosso, da caderneta de poupança, pelo qual recebemos de 0,5% a 0,75% mensais, o que ao ano dá cerca de 6% a 7%. Nosso dinheiro é emprestado ao nosso governo a uma taxa de 17% ao ano, taxa essa que já foi de até 45%. É um dinheiro fácil, sem obstáculo, dificuldade ou risco", disse ele. Para o governador, é por isso que não há dinheiro para emprestar à agricultura, comércio e indústria. "Nunca se viu concentração de renda tão grande como neste governo. Pelo menos no período da inflação havia correção monetária. Hoje, não", completou. De acordo com Garotinho, é por esse motivo que, atualmente, os maiores acionistas das maiores empresas do Brasil são bancos. E é pelo mesmo motivo que bancos estrangeiros estão vindo para cá.

Segundo o governador do Rio, a única maneira de romper isso é a mobilização de todos os setores, desde o cidadão que paga taxas de 10% a 17% de juros quando ultrapassa o limite do cartão de crédito até o agricultor que encontra taxas inviáveis nos bancos a que recorre, passando pelo empresário brasileiro que tem de concorrer com o americano que pega dinheiro emprestado lá com juros de apenas 4% ao ano.

"O papel do PSB é acordar a população brasileira", disse Garotinho, acrescentando que o ponto central para a retomada do crescimento do país é o rompimento do modelo econômico atual. "Imaginem se a taxa de juros fosse de 4% acima da inflação, que para o governo é de 4% ao ano: seria de apenas 8%. E para onde iria a diferença? Estaríamos substituindo esse círculo vicioso por um círculo virtuoso, pois quando se tem mais dinheiro, se compra mais e se produz mais, gerando crescimento."

Além de discorrer sobre a conjuntura nacional e o papel do PSB nesse contexto, Anthony Garotinho falou ainda sobre as eleições do ano que vem e a necessidade de o partido assumir bandeiras nacionais. Ao final de sua palestra ele apresentou um vídeo com a prestação de contas de seu governo.

O encontro foi presidido pelo líder do PSB na Assembléia paulista, deputado Cesar Callegari, que falou sobre o caráter imprescindível de que a construção de um projeto nacional para o partido tivesse a participação de todos.

Convidada a falar, a deputada federal Luiza Erundina afirmou que o encontro "faz parte de uma agenda partidária que se faz extremamente necessária neste momento". Erundina criticou duramente a manobra do presidente da República para evitar a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Corrupção. "Foi um golpe. Mas vamos dar um contragolpe no presidente Fernando Henrique Cardoso e em sua corja no Congresso. Quem sabe esse golpe fosse o que faltava para que se tomem outras providências." Para Erundina os que retiraram as assinaturas "venderam sua dignidade, se é que a tinham". Ela elogiou a agilidade e presteza das lideranças do PSB "que já retiraram do partido" o deputado do PSB que retirou a assinatura.

Erundina disse que o PSB e seus membros têm de se preparar, "não para a eleição que é apenas um episódio, mas para organizar e ajudar o povo".

Estiveram presentes ao evento, o presidente de honra do PSB, deputado Jamil Hadad, o vice-presidente nacional do partido, deputado Alexandre Cardoso, representando o presidente nacional Miguel Arraes, o presidente estadual e prefeito de São Vicente, Márcio França, vários secretários do governo do Rio de Janeiro e deputados estaduais de todo o Brasil.

alesp