A FALTA DE SEGURANÇA NO LITORAL - OPINIÃO

Afanasio Jazadji*
18/10/2000 18:28

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Agora que a primavera chegou e muita gente faz planos para as férias de verão, é preciso levar em conta que o litoral de nosso Estado ficou tão perigoso quanto a capital e algumas cidades do interior: a criminalidade cresceu bastante. Uma pesquisa feita entre os municípios paulistas com mais de 100 mil habitantes mostra que, no ranking dos dez mais violentos, aparecem três do litoral: Praia Grande, em primeiro lugar; Guarujá, em sexto; e São Vicente, em nono. A posição de Santos, o município mais populoso do litoral, é também das mais incômodas: 13.º lugar. Cubatão, na mesma região, está em 21.º. A pesquisa foi feita há algumas semanas pelo especialista em segurança e estatística José Peres Neto, que tomou por base os registros de quatro tipos de crime, no período de 1995 a 1998: homicídios dolosos, furtos, roubos e furtos de veículos. Os outros municípios que fazem companhia aos três do litoral na lista dos dez mais violentos do Estado, fora a capital, são Diadema, Jacareí, São Bernardo do Campo, Campinas, Itapevi, Osasco e Itaquaquecetuba.

O grande problema de Praia Grande e do Guarujá fica por conta do crescimento desordenado desses municípios, que recebem grande número de veranistas em época de férias e nos fins de semana prolongados: assaltantes menores ou não aproveitam-se disso e agem não só contra a população, como principalmente contra os turistas. Quem mora na capital e no interior deve saber que, ao fazer planos para viajar para o litoral, deve tomar alguns cuidados especiais, para não se arrepender. Uma coisa é certa: a bagagem de um veranista deve ter roupa para banho, protetor solar, toalha, sandália, equipamento de pescaria... e uma boa dose de atenção, uma vez que um simples passeio pode terminar em graves problemas.

O Guarujá, por exemplo, já foi uma cidade tranqüila. No entanto, os problemas sociais fazem com que existam duas cidades diferentes, encravadas na ilha: a dos elegantes edifícios nas praias de Pitangueiras, Enseada e Astúrias, e a das favelas, do outro lado do morro. Essas favelas concentram muita gente de bem, mas também são locais em que buscam refúgio inúmeros trombadinhas e assaltantes, que promovem verdadeiros arrastões nas praias e assustam os freqüentadores.

Já no caso de Praia Grande, os veranistas são heterogêneos: variam das classes mais altas até as mais baixas, mas o poder aquisitivo não tem muita relação com o risco enfrentado pelos veranistas. Todos estão sujeitos ao perigo dos assaltos e furtos. Santos aparece em segundo lugar em número de casos policiais, mas cai para a 13.º posição quando é feito o cálculo da proporção entre o total das ocorrências policiais e o número de habitantes do município. Por ser uma cidade com o mais movimentado porto de mar da América do Sul, Santos enfrenta um alto índice de violência e criminalidade. Além disso, onde existem turistas, existe a malandragem. Mesmo municípios como Ubatuba, Caraguatatuba, Bertioga, Mongaguá e Itanhaém estão sujeitos a crimes. Na Páscoa deste ano, por exemplo, dois marginais mataram três rapazes da classe média em Mongaguá. Portanto, muita atenção.

*Afanasio Jazadji é deputado estadual pelo PFL, jornalista, radialista e advogado.

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