A Prefeitura de Cubatão ainda não formalizou o repasse à Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) do terreno do bolsão 9, onde deverão ser construídas 1.108 moradias para famílias que hoje residem em áreas de risco dos bairros-cota. Com isso, a CDHU ainda não deu início ao processo para contratação da empresa que realizará a obra.As informações foram fornecidas pela Secretaria estadual da Habitação à deputada Maria Lúcia Prandi (PT), em resposta a requerimento de informação apresentado no início de março. O documento contraria informação enviada anteriormente pelo prefeito Clermont Silveira Castor, respondendo questionamentos feitos pela parlamentar ao governo municipal."Essa questão, extremamente séria, envolve a vida de milhares de pessoas e o cumprimento de uma determinação do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema) para autorizar a construção da segunda pista da rodovia dos Imigrantes", enfatiza Maria Lúcia.Em ofício enviado à deputada, o prefeito de Cubatão tinha informado que a área do bolsão 9 havia sido "doada em dezembro de 2005, mediante autorização legislativa". Além disso, Clermont relatava que a CDHU teria iniciado a contratação das sondagens e dos estudos referentes às fundações do local onde o conjunto de moradias será construído.Já no documento encaminhado ao gabinete da parlamentar, a secretaria estadual afirma que "não foi formalizado o repasse de área à CDHU" e que "a responsabilidade pela transferência do terreno é da Prefeitura de Cubatão". Em função disso, o processo de contratação das obras está "prejudicado". Para a deputada, a população precisa de uma explicação clara sobre o atual estágio do empreendimento.EmpenhoParalelamente, Maria Lúcia está solicitando informações do secretário estadual do Meio Ambiente, José Goldemberg, sobre a análise da procuradoria da pasta em relação ao texto do convênio a ser firmado entre o órgão, a Prefeitura de Cubatão, a CDHU, a Sabesp e a Ecovias. A formalização dessa parceria também é necessária para a efetivação da obra.Desde que o Consema aprovou a deliberação 38/89, determinando que a Ecovias destinasse 2% do valor total da obra para investimentos em habitação e outros 2% para a recuperação ambiental da serra do Mar, ainda durante a fase de aprovação da construção da segunda pista, a deputada vem fiscalizando a efetiva aplicação dos recursos.Nos últimos anos, a parlamentar realizou diversas audiências nas secretarias estaduais do Meio Ambiente e da Habitação, além da própria Prefeitura de Cubatão, para obter informações e apresentar reivindicações da população. A deputada teve papel decisivo para garantir que a totalidade das unidades seja destinada às famílias de áreas de risco dos bairros-cota.A intenção do governo do Estado de reservar parte das moradias para sorteio foi revelada à parlamentar pelo secretário do Meio Ambiente, durante encontro no segundo semestre de 2004. Maria Lúcia reagiu, afirmando que "não se podia perder a oportunidade de atender o maior número de famílias ameaçadas". Depois disso, a deputada manifestou sua contrariedade com a proposta do Estado ao então secretário da Habitação, Mauro Bragato, durante encontro na Assembléia Legislativa.A parlamentar continuou pressionando, até que, no dia 1º de março do ano passado, recebeu pessoalmente do prefeito Clermont Silveira Castor a confirmação de que as 1.108 moradias seriam destinadas para as famílias das áreas de risco dos bairros-cota. Desse total, 480 unidades serão erguidas com os R$ 14 milhões pagos pela Ecovias, a título de compensação ambiental. A outra parte será custeada com recursos próprios da CDHU.Segundo a parlamentar, essa é outra questão que precisa ser tratada com clareza. Na audiência que manteve com o prefeito no ano passado, a deputada foi informada de que a obra teria ficado mais cara, "porque a Ecovias havia usado a área onde as moradias serão construídas para depósito de grandes rochas". Para Maria Lúcia, se isso realmente ocorreu, a empresa deve pagar a conta.Pela deliberação 38/89 do Consema, a concessionária poderia usar aquela área como bota-fora das rochas extraídas durante a obra. "Mas esse material não poderia ser colocado lá em tamanho bruto. Deveria ser quebrado para não trazer futuros problemas à construção e urbanização do conjunto de moradias. Se a determinação não foi acatada, não é justo que o poder público arque com o custo", conclui a parlamentar.mlprandi@al.sp.gov.br