O deputado Vanderlei Siraque (PT), vice-presidente da Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa, afirma que os números divulgados pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Cultura e a Educação (Unesco), no intitulado "Mapa da Violência de São Paulo" só vêm reforçar as denúncias e desconfianças a respeito da manipulação das estatísticas criminais veiculadas pelo governo do Estado.

Siraque decidiu intensificar seu trabalho sobre o tema e deve solicitar que seja instaurada uma CPI para apuração dos números publicados pela Secretaria Estadual de Segurança Pública. "Os dados divulgados pela Unesco só reforçam a minha convicção de que há uma manipulação nos números da criminalidade divulgados pelo governo. A Unesco deixou claro que há distorções entre os números do Ministério da Saúde e os da Secretaria de Segurança Pública", afirmou.

Os números são, segundo o deputado, díspares e contraditórios. Conforme divulgou o Ministério da Saúde, em 2002, a taxa de homicídios dolosos registrou uma queda de 2,1%. Já o Estado informou que, naquele ano, houve uma queda superior a 10%. "A disparidade dos números é muito grande. Como é possível dois órgãos públicos divulgarem levantamentos tão diferentes?", questionou Siraque.

PCI

Siraque pediu, em março, abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito a fim de investigar denúncias de irregularidades nos boletins de ocorrência registrados pela Polícia Civil, veiculadas pela imprensa em janeiro deste ano, que reforçam as suspeitas de que diversos crimes não são computados nas estatísticas criminais do Estado.

Segundo as denúncias, crimes como homicídio são classificados como morte a esclarecer ou encontro de cadáver. Desta forma, lembra o parlamentar, "o que seria bom para o governo por apresentar uma falsa diminuição na criminalidade, é um prejuízo imensurável, uma vez que, além de dificultar o trabalho da polícia, a alteração dos dados estatísticos impede que a população cobre mais eficiência do Governo do Estado".

Em 2001, esta mesma prática, que ficou conhecida como "Maquiagem dos BOs", também foi pauta de discussões na Assembléia Legislativa. Na ocasião, a denúncia partiu do presidente do Sindicato dos Delegados do Estado de São Paulo, Paulo Siquetto.



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