José Luis Rubio transforma sucata em esculturas acentuando sobre a essência e a poesia das coisas usadas

Acervo Artístico - Emanuel von Lauenstein Massarani
21/01/2005 14:00

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Tinguely representou na escultura o fim do arcaísmo, pelo fato que introduziu o último arcaísmo possível, aquele da máquina destruída. Escandalizar e chocar eram da natureza mesma de Dada e do surrealismo. Em nossos dias existe a mesma provocação, embora o público esteja bem mais acostumado com a brincadeira e os artistas não tenham necessidade de lançar mais tantos desafios.

Segundo alguns pesquisadores no campo da arte, a questão que se coloca hoje é de saber se o desenvolvimento desses fenômenos, onde discernimos um elemento de bizarria barroca mais ou mesmo fraca, é de alguma maneira comparável ao desenvolvimento da fase do barroco no grande século de Bernini.

Descobrindo a poesia das coisas usadas e eliminadas como sucata e, dando-lhe um novo valor nas composições criadas, dois fenômenos aparecem: uma nova apresentação de objetos comerciais ou industriais e o assemblage desses mesmos objetos. No primeiro, o elemento criador se reduz a uma escolha que pode ser bem interessante com a revelação do subconsciente. No segundo, a escolha e a montagem de objetos já reunidos, operação no percurso da qual o artista procede, às vezes, com sutileza.

Por terem sido submetidos a uma perda de identidade e, enfim, sem nome, passam a representar o mundo das coisas banais, a um tempo banidas pela estética. Entretanto, uma grande parte dessa produção chegou perto da fronteira que a separa da criação plástica, embora sem tê-la ainda superado.

Apesar de seu aspecto bem característico, como é o caso da escultura "O tucano", doada pela Sutaco ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho, verificamos que, tendo o elemento movimento perdido seu valor espacial, o acento é posto tanto sobre a aparência quanto a essência.



O Artista

Jay, pseudônimo artístico de José Luís Rubio, nasceu em Tranque Lauquen, na Argentina, no ano de 1953. Radicou-se no Brasil a partir de 1989 e reside atualmente em Embú das Artes, SP, onde abriu seu atelier e mantém uma exposição permanente na galeria Ray e Hiromi.

Desde muito cedo se preocupou com o reaproveitamento dos resíduos e da sucata que a sociedade de consumo rejeita. Viajou por inúmeros países pesquisando a recuperação desses materiais e sua transformação em obras de arte.

Sua primeira exposição foi realizada no ano 1968, na praça Francia, em Buenos Aires. A partir de 1976 mudou-se para Europa, tendo exposto em Paris e posteriormente em Washington, no Museu da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Participou de inúmeras mostras em galerias de São Paulo e em outros estados, com destaque para a Feira Latino-Americana de Arte, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, em 1999, e na Feira de Presépios, organizada pela Sutaco em São Paulo no ano de 2000.

Possui obras em diversas partes do mundo em coleções particulares e no Acervo Artístico da Assembléia Legislativa de São Paulo.

alesp