Seguradoras recuperam peças que comprometem segurança do motorista


20/03/2009 18:54

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O depoimento prestado quarta-feira, 18/3, pelo mecânico e ex-perito Gilberto Campos à CPI das Seguradoras abriu uma nova linha de investigações sobre irregularidades cometidas pelas operadoras de seguros de veículos. "Ele afirmou que as seguradoras pressionam as oficinas a recuperar peças que jamais deveriam ser recuperadas por serem fundamentais para a segurança dos veículos, como itens do freio, do sistema de suspensão e até mesmo rodas. Assim, além das denúncias de uso de peças não originais, as seguradoras também estariam comprometendo a vida dos segurados", resume o presidente da CPI, deputado Said Mourad, líder do PSC na Assembleia Legislativa de São Paulo.

Ex-funcionário de uma grande empresa de seguros, Gilberto Campos disse que foi "regulador de perdas" de 1992 a 2000. Sua função consistia em vistoriar, nas oficinas, os carros batidos. Segundo ele, todos os reguladores de perdas têm como prioridade reduzir ao máximo o custo do conserto. "Pressionado pelas seguradoras, o regulador coloca ainda mais pressão em cima do dono da oficina, que se quiser sobreviver aceita recuperar peças que não deveriam ser recuperadas, por uma questão de segurança", explica Said Mourad.

O depoente também disse que, durante o tempo que trabalhou como "regulador de perdas", as seguradoras faziam um ranking dos funcionários, calculando a média mensal de "seus consertos". E o funcionário que apresentasse os custos maiores acabava demitido. "O Sr. Gilberto foi textual: a empresa que é má pagadora de indenizações, em prejuízo do consumidor, é uma boa empresa, do ponto de vista da lucratividade; enquanto a "boa pagadora" é uma "má empresa"", finalizou Said Mourad.

A CPI ouviu também o diretor do Instituto de Avaliação e Perícias Automotivas (Iapa), Renato Orsi; o presidente do Sindicato da Indústria da Reparação de Veículos e Acessórios (Sindirepa), Antonio Fiola; e a representante do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Daniela Trettel, que criticou a atuação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) no que diz respeito à área de seguro-saúde, "uma vez que persistem lacunas na fiscalização do setor".



saidmourad@al.sp.gov.br

alesp