O deputado Vaz de Lima (PSDB), líder do Governo na Assembleia Legislativa, ocupou a tribuna, no dia 11/3, para manifestar sua indignação diante das declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação aos presos políticos de Cuba, comparando-os a bandidos comuns de São Paulo. Vaz de Lima disse ter ficado tão chocado que, a princípio, pensou haver algum engano na publicação da entrevista do presidente. Mas a ampla repercussão e a confirmação das palavras de Lula tornaram necessário e obrigatório seu pronunciamento. O líder do Governo leu da tribuna um trecho da entrevista de Lula: "Temos de respeitar a determinação da Justiça e do governo cubano de deter as pessoas em função da legislação de Cuba. A greve de fome não pode ser utilizada como pretexto de direitos humanos para liberar as pessoas. Imagine se todos os bandidos presos em São Paulo entrarem em greve de fome e pedirem liberdade." Foi o que disse Lula. Vaz de Lima reiterou sua perplexidade, sua dificuldade em aceitar que Lula de fato tivesse feito tais declarações, tendo em vista a história de vida do presidente, um homem que inclusive chegou a entrar em greve de fome, no período em que esteve preso, durante a greve dos metalúrgicos em 1980. "Será que o presidente quer nos dizer que uma ditadura de direita a gente deve combater, e uma ditadura de esquerda não se deve combater?", indagou Vaz de Lima. "Não é possível, não é razoável. O presidente Lula ultrapassa todos os limites, todos. Não posso admitir uma coisa dessas." O deputado solicitou o registro nos anais da Casa dos editoriais dos jornais "O Estado de S. Paulo" e "Folha de S. Paulo", e dos artigos de José Carlos Dias, Eugênio Bucci, Dora Kramer, Rolf Kuntz, Clóvis Rossi e Carlos Heitor Cony. "São nomes de reconhecimento público, nenhum deles pode ser tachado de direita. São, todos eles, comprometidos com o combate à ditadura militar no Brasil. Reafirmo minha enorme indignação diante de tudo o que Lula falou em relação aos presos políticos de Cuba. Jamais imaginei que ele chegaria a esse ponto. É uma lição de insensatez." vlima@al.sp.gov.br