Opinião - Copa: sem São Paulo, Brasil começa perdendo


28/06/2011 14:54

Compartilhar:


Com forte presença, visibilidade e dimensões universais, São Paulo tem a enorme capacidade para sintetizar de maneira definitiva o encontro de etnias, raças e nacionalidades em solo brasileiro. Sem abrigar a Copa de 2014 " ou abrigando-a de forma secundária ", o território paulista deixará de mostrar ao mundo a magnitude e as imagens da maior cidade e do maior Estado da América do Sul. Por outro lado, sem a força, determinação e principalmente a capacidade dos brasileiros de São Paulo, a Copa de 2014 deixará de ser um evento nacional.

Tenho acompanhado de perto as ameaças da exclusão de São Paulo não só da abertura da Copa, mas também do próprio Mundial. Esquece-se que a escolha de São Paulo para sintetizar de maneira definitiva o encontro de etnias, raças e nacionalidades não foi feito num encontro de bastidores ou num acordo ligeiro e talvez mal explicado. Ela foi feita a partir da importância da capital paulista com o tema. Sem São Paulo neste megaevento, não serão apenas os estádios paulistas que correrão o risco de ficarem vazios. O Mundial também pode esvaziar-se.

A Copa das Confederações, São Paulo já perdeu. E estamos falando de um lugar que abriga 40 milhões de brasileiros, com uma prática de futebol reconhecida em todo o Brasil. Há grandes clubes, futebol por todo o interior. O Paulistão é quase um Campeonato Brasileiro pela sua dimensão. São Paulo é um centro de turismo, de negócios, tem capacidade hoteleira e infraestrutura.

Mesmo assim, inexplicavelmente ficamos sem o Centro de Imprensa Mundial da Copa para o Rio de Janeiro. Temos o Anhembi, que é muito melhor em termos de estrutura pela rede hoteleira do entorno, pelo Campo de Marte, pela capacidade de atendimento. O Rio de Janeiro, hoje, com grande respeito pela cidade, tem menor capacidade de estrutura para atender a mídia internacional.

O mês de julho está aí, quando será decidido em qual local acontece a abertura da Copa. Muita gente imagina que essa discussão acontecerá mais à frente, no segundo semestre, no ano que vem. Não! Será feita agora e podemos perdê-la também. Os olhos de quem tomará a decisão que pode excluir São Paulo da Copa de 2014 permanecem fechados para o agudo prejuízo que essa medida provocará. Estão em jogo o emprego, a formação profissional, geração de riquezas, distribuição de riquezas e a visibilidade mundial.

É importante lembrar que, além da sede na capital, as subsedes acomodarão outras seleções. Todos se lembram das Copas na África do Sul, Alemanha e Espanha, que geraram uma grande integração nacional e são lembradas até hoje por isso. Essas questões, inclusive, foram discutidas no Seminário Internacional da Copa do Mundo, em 2009. Reunimos diversos setores, vários líderes de governo, representantes de federações e da CBF, gente ligada ao turismo, atletas, ex-atletas e lideranças de diversos países que já tinham sediado o Mundial. A partir disso, desencadeou-se uma expectativa muito grande para uma agenda de trabalho que até agora não foi cumprida.

A prefeitura de São Paulo criou a Secretaria Especial da Copa do Mundo na tentativa de organizar isso, mas falta ao Estado entrar decisivamente na questão. Falta ao comitê estadual da Copa do Mundo dialogar com deputados, com o município. Não é possível que a discussão entre partidos fique acima dos interesses do povo paulista. A história mostra que, desde que cada setor envolvido cumpra seu dever, projetos de envergadura terão sucesso. Sem São Paulo, contudo, entramos na Copa perdendo de goleada.



*Pedro Bigardi é engenheiro civil, deputado estadual, líder do PCdoB e vice-presidente da Comissão de Esportes da Assembleia Legislativa.

alesp