Opinião - Patriotismo ou banalização?


16/03/2009 18:13

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O respeito aos símbolos da Pátria, em qualquer país, é uma obrigação de todos, adultos e crianças. Algumas nações levam essa determinação mais a sério que outras, como os Estados Unidos, por exemplo, onde a bandeira nacional é festejada em todos os eventos políticos, artísticos e esportivos. Nos filmes americanos quase sempre aparece a bandeira do país. Além de estimular o amor à pátria, isso possibilita a dedução de impostos na produção do filme. Aqui no Brasil, o patriotismo parece estar desgastado, os símbolos nacionais raramente sensibilizam as pessoas. Como a maior parte do que ocorre no País, o respeito à Bandeira e ao Hino Nacional está banalizado. Banalizaram tudo, não há seriedade e até mesmo questões nacionais graves são, muitas vezes, tratadas com desprezo e chacota.

O Brasil é certamente o único país do mundo em que um minuto de silêncio, para reverenciar a memória de uma personalidade, não passa de dez ou vinte segundos e assim mesmo sem o silêncio necessário, especialmente em eventos que atraem multidões, como competições esportivas. É aquela velha máxima que vale no nosso País: há leis que pegam e leis que não pegam, ou seja, que não são respeitadas, levadas a sério.

Eu me lembro bem de que algumas décadas atrás o professor é que dava umas palmadas no aluno. No meu tempo de escola era assim, eu mesmo cheguei a ser castigado com a palmatória. Não fiquei traumatizado. Não que eu defenda a agressão e castigo duro aos alunos. Mas hoje, com a banalização, a situação se inverteu de tal forma que é comum ver no noticiário aluno que espancou o professor.

Na minha infância, a gente sabia que bandido tinha medo de polícia, respeitava o trabalho policial. Hoje é comum policial ter medo dos bandidos, quando não corre deles, indicando uma vergonhosa e perigosa inversão de valores. E isso vale para outras situações do convívio entre as pessoas.

Em relação ao respeito aos símbolos da Pátria, quero lembrar aqui o Projeto de Lei 634/2008, de minha autoria, que trata da execução do Hino Nacional em eventos esportivos, no Estado de São Paulo. O projeto, na verdade, aperfeiçoa a Lei 10.876/2001, de autoria do deputado Geraldo Vinholi, que não vinha sendo cumprida. Já vimos o Hino ser tocado, antes mesmo de os atletas estarem presentes. O PL 634 estabelece que o Hino deve ser executado em eventos com público a partir de 5 mil espectadores e vai além: a execução deve ser feita com a presença dos atletas de pé, em silêncio e atitude de respeito. Pois é comum vermos na tevê atletas da Seleção Brasileira, que não sabem a letra do Hino, mascando chiclete ou fazendo movimentos labiais, como se estivessem cantando o nosso Hino Nacional, no mínimo em atitude de indiferença.

Para que a lei pegue, seja respeitada, como quase tudo no País, há que ter uma punição, preferencialmente indo ao bolso do infrator. Assim, em caso do não cumprimento efetivo da lei, haverá uma multa de 250 Ufesps (Unidade Fiscal do Estado de São Paulo) " que atualmente correspondem a R$ 3.962,00 ", a ser paga em dobro em caso de reincidência. A multa será aplicada à agremiação, confederação ou federação responsável pela organização do evento.

Precisamos voltar a cultivar o respeito em toda a sua plenitude. Ainda há tempo. O respeito aos símbolos nacionais faz parte da nacionalidade, da unidade do País, faz parte da cultura saudável de um povo. Afinal, ainda confio que o nosso povo não quer mais bagunça e mais banalização.



*Vitor Sapienza é deputado estadual pelo PPS.

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