CRESCE O MEDO DA VIOLÊNCIA - OPINIÃO

Afanasio Jazadji*
14/05/2001 16:01

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A cada dia cresce o medo da violência em nosso Estado. Pesquisa feita por uma agência de propaganda de São Paulo, a Saldiva e Associados, mostra que, nos últimos anos, cresceu bastante o medo entre as pessoas de nosso Estado: medo do desemprego, medo de animais, medo de doenças, medo da violência. A falta de segurança nas maiores cidades paulistas aparece como fator básico, uma vez que as pessoas entrevistadas revelaram que sentem medo de sair às ruas ou de simplesmente trocar um pneu furado numa rodovia. O medo pode até ser saudável, como meio de alertar as pessoas para a necessidade de se protegerem. Mas o medo em excesso, decorrente de fatos que ocorrem com freqüência na sociedade, acaba levando a uma espécie de psicose coletiva e é desconfortável. Quem não sente saudade do tempo em que era possível sair pelas ruas, à noite, sem se assustar com alguém que caminha logo atrás? O medo mudou o comportamento da população paulista não só nos municípios que compõem a região metropolitana da Capital como também em cidades antes tranqüilas, como Santos, São Vicente, Guarujá, Campinas, Ribeirão Preto, Piracicaba, Presidente Prudente e São José dos Campos. O que fazer? A publicitária Rose Saldiva, coordenadora da pesquisa em questão, lembra que "antes, boa parte dos medos era conseqüência da falta de informação e de fenômenos da natureza". Agora, segundo ela, "o medo vem das inúmeras escolhas, das mudanças rápidas e do fato de haver uma grande facilidade para a difusão da informação". É uma pena que isso aconteça. Não será possível voltar no tempo. Ninguém pode negar que determinadas transformações do mundo e do país foram benéficas. Mas... Isso mesmo: existe um "mas". Acontece que o progresso nos trouxe TV em cores, transmissão internacional via satélite, globalização, avanço na informática, o milagre da Internet, a rapidez da informação, a possibilidade de reduzir distâncias. Mas, por outro lado, houve também uma transformação no relacionamento entre as pessoas. Passou a haver uma crise de autoridade. Uma crise a partir do simples núcleo familiar, em que o pai não é mais tão respeitado e a mãe precisa sair de casa para trabalhar. A crise toma conta também das esferas governamentais, onde alguns detentores do poder, por demagogia ou por despreparo, preferem lembrar-se dos abusos cometidos por ditaduras autoritárias por eles condenadas e não percebem a necessidade de exercer a autoridade de fato, autoridade que lhes é conferida por um mandato popular. O que se vê, em termos de segurança pública no Brasil e em especial no Estado de São Paulo é um verdadeiro caos decorrente principalmente da falta de autoridade, do combate ao crime, do castigo a quem sai da linha. No caso de São Paulo, é verdade que estamos concedendo um crédito de confiança ao governador Geraldo Alckmin para que ele corrija os erros cometidos pelo seu antecessor nos últimos seis anos. Nunca a Polícia havia estado tão abandonada quanto de 1995 a 2000. Agora, Alckmin anuncia algumas providências, entre as quais a de abrir vagas para a contratação de guardas penitenciários que tomarão conta das muralhas de presídios, liberando 4 mil PMs para que estes exerçam o policiamento preventivo e de repressão nas ruas. Mesmo assim, o medo continua existindo. No entanto, governador é o que governa, é o que manda. E resolve. Alckmin sabe disso.

*Afanasio Jazadji é radialista e deputalo estadual, vice-líder do PFL.

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