Opinião


02/12/2010 18:54

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Combatemos o inimigo, e agora?



O que dizer e sentir sobre os últimos acontecimentos no Rio de Janeiro? Sou da mesma opinião que Marcelo Crivella, senador pelo PRB-RJ, que em artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo, de 1º/12, "Rio, uma cidade em chamas", disse que não se conforma com a transformação do Rio em capital da barbárie e com a submissão do povo fluminense à condição de escravo do terror. Mas vou além, não me conformo com a situação de barbárie que se vê nas maiores capitais brasileiras.

Quem não se lembra dos episódios envolvendo o Primeiro Comando da Capital, o PCC, aqui em São Paulo? E o que temos feito para resolver essa situação antes que a população e a polícia fiquem reféns de ondas de violência articuladas por uma organização criminosa? Será que só armamento pesado e o auxílio do Exército poderá resolver essa situação? Nós presenciamos cenas não muito diferentes das que já vimos acontecendo no Rio de Janeiro com o Comando Vermelho. A população ficou refém da criminalidade, tráfico de drogas e violência. São Paulo agora tem mais um ponto conhecido como cracolândia, que além do centro da cidade também toma o Brooklin, na zona sul.

Não há como não se orgulhar do trabalho feito pela polícia nos morros cariocas, mas o problema é anterior e não será resolvido apenas com a força. A comunidade precisa do apoio do governo por meio de programas de revitalização e socialização, os jovens de um bom ensino e de espaços de lazer. Mas não só eles, a polícia tem de se manter inabalável, sem envolvimento com o tráfico, caso contrário esses criminosos só mudarão de moradia.

Infelizmente, a Folha de S.Paulo informou que a própria polícia já investiga desvios de drogas e de armas apreendidos no morro, e que há relatos de roubos, truculências e até torturas contra moradores durante a revista das casas. Como lembra o colunista do mesmo jornal, Fernando de Barros e Silva, a presença militar no morro meses a fio abre caminho para que membros das Forças Armadas sejam cooptados pelo tráfico ou, até mais provável, por milícias, semelhante ao que ocorreu na Colômbia.

Como destacou o senador Crivella, o melhor para apagar o fogo é a eliminação do oxigênio que o alimenta. O combate que acompanhamos deveria estar ocorrendo em nossas fronteiras. O Brasil tem mais de 7 mil quilômetros de fronteira terrestre com os três produtores de coca: Peru, Colômbia e Bolívia. Em 2004, Crivella propôs no Senado atribuir poder de polícia ao Exército nas fronteiras para combater inclusive o tráfico de armas e entorpecentes. A proposta foi aprovada e a lei foi sancionada pelo presidente Lula no mesmo ano, mas o problema só tem se agravado, por isso o senador criará a "CPI das Fronteiras".

Vamos torcer para que as ações contra o tráfico prossigam e tragam resultados duradouros e que se estendam para além da Copa do Mundo e das Olimpíadas. Não sou favorável à continuidade da politica de combate às drogas e ao tráfico como o conhecemos hoje, tampouco a legalização das drogas com a promessa de que tudo se resolva. A população está cansada de promessas, da impunidade e de ver jovens e crianças envolvidas no tráfico.

Somente ações concretas que envolvam o combate do tráfico nas fronteiras, nas comunidades e também o acompanhamento das ações da polícia poderão destruir definitivamente esse mal. Espero que as ações da polícia, do governo e da CPI que será criada pelo senador possam encontrar novas alternativas de combate ao tráfico em todo o território nacional.

*Gilmaci Santos é deputado estadual pelo PRB e presidente estadual do partido. Participa das comissões de Defesa dos Direitos do Consumidor e de Economia e Planejamento da Assembleia.

alesp