Delegados do Vale do Paraíba apontam à CPI dos Combustíveis existência de quadrilha


07/06/2001 17:06

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Delegados da regional do Vale do Paraíba revelaram à CPI dos Combustíveis a identificação de quadrilha especializada em roubo, adulteração e venda de combustíveis. O diretor do Departamento de Polícia Juduciária do Interior (Deinter), Antonio Carlos Gonçalves, o delegado de Investigações de Gauratinguetá, Hélio Francisco Borges, e o delegado seccional de Guaratinguetá, Cleber Milton de Oliveira Lemos, depuseram nesta quinta-feira, 7/6, àquela comissão, para apresentar os resultados das investigações sobre roubo de carga, postos clandestinos e adulteração de combustíveis na região circunscrita entre os municípios de Roseira e Cachoeira Paulista, que abarca cidades como Guaratinguetá, Queluz, Cruzeiro, Lorena e Aparecida.

O diretor do Deinter é responsável pelas investigações, iniciadas há 18 meses, destinadas a apurar o excessivo número de roubos de carga ocorridos na Via Dutra, no trecho do Vale. Antonio Carlos Gonçalves sustenta que os casos investigados denotam algumas características sui generis na atuação dos assaltantes. Os roubos ocorrem com o seqüestro de motoristas, que geralmente são libertados após duas ou três horas. Isso leva a crer que a desova da carga roubada é feita na própria região em que ocorreu o roubo. Existem hoje 15 inquéritos policiais, todos identificando pessoas e empresas envolvidas em operações criminosas.

Segundo ele, o polícia está perto de descobrir o fio da meada que liga operações de roubo e adulteração de combustível naquela região. A partir do desbaratamento de um seqüestro de motorista e roubo de um caminhão, em uma fazenda próxima a Guarastinguetá, a polícia chegou, através de interrogatório, ao nome de Joaquim Felipe Santório de Sousa, supostamente o líder de quadrilha de roubo de combustível. Conhecido como Quincas, Santório de Souza é proprietário de oito postos de gasolina e mantém contrato com o Estado como fornecedor de combustíveis para a Policia.

O delegado de investigações, Hélio Borges, acrescentou que após a identificação de Quincas, a polícia já encontrou nos limites da área em questão quatro depósitos de combustíveis clandestinos. Um deles, de propriedade do prefeito de Putim, João Angelieri, o "João Cascão", onde foram encontrados 405 mil litros de álcool. Apesar de o depósito não ter documentação que autorizasse seu funcionamento, o auto de flagrante não pode ser realizado, pois o laudo sobre o produto apreendido emitido pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) não foi conclusivo e não mencionava a palavra combustível. Por isso, não se caracterizou o flagrante. Segundo Hélio Borges o depósito possui instalações de tanques subterrâneos e aéreos e não foi encontrada qualquer documentação contábil que possa comprovar a venda de combustível, com notas frias.

Hélio acredita ter chegado à identificação de uma quadrilha composta por pelo menos 11 integrantes, três deles donos de postos de gasolina. Ele referiu-se expressamente a Quincas, João Lombardi (de Cruzeiro) e Antonio Cesar (de Engenheiro Passos). Cinco desses integrantes encontram-se presos e outros seis, foragidos. O delegado acrescentou ainda que já foram solicitadas as quebras dos sigilos bancários e telefônicos dessas pessoas, o que possibilitaria desvendar os liames entre elas. "Nós apresentamos o fio da meada. Declinamos os nomes de pessoas e de empresas. A CPI tem prerrogativas para pedir a quebra do sigilo, que poderá nos levar ao esclarecimento completo."

O delegado regional, Antonio Carlos Gonçalves, registrou que após as identificações e as prisões realizadas, não se registou, já há 90 dias, nenhum caso de furto de combustível. "O que nos faz acreditar que a polícia atingiu o alvo", concluiu.

alesp