Na imagem abstrata, Leonel Barreto exercita um esforço instintivo para dominar uma explosão informal

Acervo Artístico - Emanuel von Lauenstein Massarani
02/03/2005 14:00

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Entre o aparente choque caótico de "situações contrastantes", Leonel Barreto faz emergir em sua obra uma estrutura ritmada constituída de algumas coordenadas dominantes e condicionantes. Frente a sua pintura temos a sensação que o artista exercitou um esforço instintivo para dominar uma explosão ou uma confusão informal.

As experiências do barroco, do expressionismo, do futurismo e do informal, foram aprofundadas e interiorizadas pelo artista, conforme a necessidade de traçar uma estrutura de base que coordena toda a sua composição.

Ao exprimir-se Leonel Barreto parte ou alcança à determinação de um ideal centrado numa espécie de paginação da obra. Paralelamente, estratifica os planos sucessivos, muitas vezes cruzados, onde obtém a espessura da imagem e sua dispersão num espaço profundo e articulado. Aliás, a própria imagem é o espaço, o que vem simbolicamente explícito em suas obras.

Dessas considerações fica claro - nos parece - que a sua invenção é sempre dominada por uma profunda exigência arquitetônica, musa secreta de seu trabalho artístico. Dentro do entrelaçar da massa desses vãos arquitetônicos, onde age o pintor, ele alcança as linhas de tensão, simultaneamente às coordenadas estáticas que regem e salvam a situação.

É na imagem abstrata, sem outros elementos, que tudo isso traduz um mimetismo revelador de seu comportamento e de seu ser. Qualidade, originalidade e vitalidade singulares são encontradas perfeitamente equilibradas tanto no título quanto na obra doada ao Acervo Artístico da Assembléia Legislativa "Na Vertical da Luz, da Cor, da Vida e dos Espíritos Abençoados pela Arte", onde o realismo e a inclusão racional do mundo que o circunda se fazem presentes.



O Artista

Leonel Barreto, pseudônimo artístico de José Roberto Leonel Barreto, nasceu em Capão Bonito, SP, em 1942. Desenhista, gravador, pintor, professor e teórico em arte, passou a infância em Itapetininga e mudou-se, na adolescência, para a capital.

Em 1966 faz sua primeira viagem ao exterior, visitando vários países da América do Sul e nesse mesmo ano realiza sua primeira exposição individual em São Paulo, no Espaço Cultural de "Móveis e Decorações Gobby". Entre 1968 e 1974, residiu na Espanha e realizou diversas viagens de estudo pela Europa. Mudou-se para Nova York em 1975, onde se graduou bacharel em belas artes pela The School of Visual Arts e lecionou desenho na The Riverside Church naquela cidade.

Participou das seguintes exposições coletivas no exterior: 4ª e 5ª Bienal Internacional de Desenho, Middlesbrough, Inglaterra (1979 e 1981); Ball State University, Indiana, EUA; 5ª Bienal de Puerto Rico, EUA; 11ª Internacional de Gravuras de Kanagawa, Japão; Museu de Belas Artes de Taipei, Taiwan; Museu Afro-Americano da Califórnia, Los Angeles, EUA; Museu de Arte do Bronx, Nova York, EUA; Museu de Santa Bárbara de Arte, Califórnia, EUA; Câmara Municipal do Barreiro, Portugal; Universidade Middlesex, Londres, Inglaterra e no Espaço Cultural dos Correios em Lausanne, Suiça. Realizou exposições individuais no exterior: Galeria Centro Nacional de Artes, Nova York, EUA (1978); Galeria Casa "Canning", Londres, Inglaterra (1979); Galeria Cayman, Nova York, EUA (1980 e 1982).

Possui obras em importantes acervos oficiais e particulares, tais como: Museu de Arte Moderna de São Paulo; Museu de Arte Contemporânea de Ibiza, Baleares, Espanha; Museu de Arte Moderna de Caracas, Venezuela; Museu Hispânico de Arte Contemporânea de Nova York, EUA; Museu Afro-Americano da California, Los Angeles, EUA; e Pinacoteca do Estado de São Paulo e Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho.

alesp