Representantes da Polícias Civil e Militar pedem apoio aos parlamentares paulistas

(com fotos)
29/05/2001 16:12

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Representantes de cerca de 15 entidades das Polícias Civil e Militar reuniram-se, nesta terça-feira, 29/5, com membros da Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa para pedir o apoio dos parlamentares a suas reivindicações de reposição salarial de 41,04% e de criação de uma comissão que estude a reestruturação dos quadros e vencimentos das categorias. Essas propostas devem ser apresentadas em encontro marcado para amanhã, com o secretário da Segurança Pública, Marco Vinício Petrelluzzi.

Segundo o deputado Wilson Morais (PSDB), que organizou a reunião com os parlamentares, a reposição reivindicada pelos policiais corresponde à defasagem salarial acumulada nos últimos quatro anos, de acordo com dados da Fundação Getúlio Vargas. A inexistência de reajuste acaba atingindo também as associações de classe. "A maioria das entidades, que têm caráter assistencialista, está com sua atuação comprometida, pois não consegue aumentar suas receitas, enquanto aparelhos ortopédicos e auditivos, por exemplo, subiram mais de 100% nesse período", informou.

"Unidas pela fome". Segundo mote apresentado pelo presidente da Associação dos Escrivães da Polícia Civil, Oscar Miranda, as associações de classe desfecharam críticas ao Executivo por sua política salarial e por não investir na formação dos policiais. "O secretário Petrelluzzi copiou muita coisa do modelo americano, como viaturas coloridas e coletes à prova de balas, mas esqueceu de copiar os salários", disse o presidente da Associação de Investigadores da Polícia Civil do Estado de São Paulo, Vanderlei Bailone.

As entidades alertam também para a questão do risco profissional. De acordo com o coronel Hermes Cruz, vice-presidente da Associação de Oficiais da Reserva, a possibilidade de um policial morrer nas ruas é seis vezes maior do que a de um cidadão comum.

Dois fantasmas rondaram a reunião entre os deputados e as entidades: a greve da PM em Palmas, onde o Estado teve que requisitar a intervenção do Exército; e a reportagem do Jornal Nacional de ontem, na qual um policial não identificado disse ser muito difícil não se corromper. A matéria do JN foi repudiada pelos parlamentares e associações, por ser considerada generalizadora. O presidente da Comissão, deputado Carlos Sampaio (PSDB), prometeu entrar em contato com o Departamento Jurídico da Rede Globo.

"Parece até coisa preparada para desarticular um movimento pacífico que quer dialogar com as autoridades", afirmou a deputada Rosmary Corrêa (PMDB). "Quem é ladrão não precisa pedir aumento", completou Conte Lopes (PPB).

Quanto à greve da Polícia Militar na capital de Tocantins, o deputado Celso Tanauí (PTB) disse: "Gostaríamos que não ocorresse aqui o que está acontecendo em Palmas, mas isso vai depender da sensibilidade do governo". Participaram também da reunião os deputados Vanderlei Siraque (PT) e Edson Ferrarini (PTB).

alesp