Debate sobre a Amazônia mobiliza especialistas


01/03/2005 20:18

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DA REDAÇÃO

"Vivemos um momento difícil na Amazônia, que culminou com a trágica morte da missionária americana. Os que mataram a freira são os mesmos grupos sociais globalizantes, que imperam nas Américas, unidos e financiados pelas empresas transnacionais", ponderou o professor emérito da USP e presidente de honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Aziz Ab Saber, durante o debate Amazônia: espaço de integração da América Latina, que aconteceu na manhã desta terça-feira, 1º de março.

Para Saber, a devastação e o desmanche da mata provocado pelas grilagens e madeireiras no Estado do Pará já consumiram mais de 50,5% da área legal da Amazônia paraense. "Hoje se faz algo mais perigoso do que no tempo da colonização do século XVI", refletiu, apontando como saída para todo esse conjunto de ações que devasta a floresta um estudo mais acurado das viabilidades técnicas, econômicas, sociais, ambientais e éticas de projetos para a área. "Isso só acontecerá com a mudança dos currículos universitários", advertiu.

"Não queremos a Amazônia gerida numa perspectiva de mercado, mas tratada de modo mais humano, com respeito às diferenças indígenas, buscando uma integração latino-americana proveniente da cultura e baseada em um comércio justo", propôs o ex-ministro de Meio Ambiente do Equador, Edgar Isch. Para ele, "é importante que haja um respeito não só à natureza, mas também as pessoas que lá moram".

O coordenador da Campanha contra a Privatização da Água no Uruguai, Gustavo Bruno, trouxe para o debate a maneira como seu país conduziu a proposta do governo de privatizar a água. "A Constituição do Uruguai prevê que haja plebiscito para debater temas de maior relevância para o país. Deste modo, 65% da população votou contra a política de privatização da água. Hoje somos exemplo para todos os países que debatem esse tema", refletiu.

O debate integra a programação do XIV Congresso Latino-Americano e Caribenho de Estudantes (CLAE), que acontece junto com a 4ª Bienal de Arte e Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE).

alesp