O pagodeiro Belo e a Justiça - Opinião


24/02/2003 18:12

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Afanasio Jazadji

O cidadão Marcelo Pires Vieira, conhecido em todo o Brasil como pagodeiro Belo, foi condenado pela Justiça do Rio de Janeiro a seis anos de prisão por ligação com o tráfico de drogas. Insistindo em dizer que é inocente, Belo decidiu recorrer contra a decisão da 34.ª Vara Criminal carioca, assumida no fim de 2002 e anunciada nos primeiros dias deste ano. De acordo com a legislação, o pagodeiro fica em liberdade enquanto não é julgado seu recurso e pode continuar a temporada de shows agendados em vários Estados.

O caso assumiu dimensões graves, no ano passado, quando a polícia do Rio divulgou uma gravação de ligações telefônicas de Belo, acusando-o de financiar traficantes da Favela do Jacarezinho. Numa das conversas, uma pessoa identificada como o traficante Valdir Ferreira, o Vado, pede R$ 11 mil reais ao cantor para a compra de "tecido fino", apelido dado à cocaína. De acordo com a acusação, Belo concorda e pede em troca um "tênis AR", que, para a polícia, é como chamam um fuzil AR-15. Vado morreu algumas semanas depois, numa troca de tiros com policiais.

O cantor foi indiciado, processado e preso em 5 de junho, sob a acusação de associação para o tráfico de entorpecentes e porte ilegal de armas. Ficou preso 37 dias numa delegacia, até obter habeas-corpus, no Supremo Tribunal Federal (STF). Belo chegou a aparecer em programas de televisão e disse estar sendo vítima de injustiça. No entanto, agora existe uma sentença: Belo está condenado a seis anos de prisão porque não conseguiu provar que nada tem a ver com os traficantes. Não deve haver privilégios para gente famosa. Se ele não for declarado inocente em outro julgamento, terá de ir para a cadeia.

alesp