Dia do Meio Ambiente

Opinião
04/06/2008 18:55

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O dia 5 de junho é lembrado mundial como o Dia do Meio Ambiente. Nos últimos anos, a data tem servido para que entidades ambientalistas protestem contra a letargia dos governos para encontrar soluções que amenizem os impactos do aquecimento global sobre o planeta. As alterações climáticas provocadas pela poluição desenfreada também despertam, cada vez mais, um sentimento de conscientização na sociedade. Nem tudo está perdido. Porém, é necessário que todos se unam para combater um mal que pode afetar as futuras gerações.

No ano passado, nações industrializadas produziram relatórios sobre as transformações sociais e econômicas que atingirão nosso planeta nas próximas décadas provocadas pelo aquecimento do planeta. Elevação do nível dos oceanos, tempestades com alto poder de destruição, derretimento da calota polar, enchentes e secas prolongadas serão inevitáveis em um espaço curto de tempo. Basta ligar a TV para perceber que algo de errado já ocorre no planeta.

Em todos os documentos, os cientistas faziam questão de deixar claro que a maioria destas catástrofes poderia ser revertida. Segundo eles, o trabalho tem que começar imediatamente e não pode haver economia de recursos financeiros. Mais do que nunca, boas idéias começam a sair do papel e outras estão em discussão. O problema é que o tempo é curto e questões mais delicadas acabam sendo postergadas por causa de interesses econômicos de grandes corporações.

O petróleo está no centro do debate. Como se a disputa pelo ouro negro já não fosse suficiente por guerras como a do Iraque, sua combustão é um dos maiores males para a atmosfera da Terra. Ocorre que alternativas como o etanol brasileiro, cantado em verso e prosa como uma das alternativas para diminuir essa poluição, encontra barreiras em países desenvolvidos porque vai alterar a cadeia de produção e deixar para trás um modelo que ainda se acreditava que perduraria por séculos.

Também não se pode ignorar o problema da escassez água potável, que afeta mais de 2 bilhões de pessoas no mundo. Na África, principalmente, a situação é dramática. Gente que anda quilômetros para encher uma lata de água, que muitas vezes sequer pode ser utilizada para consumo. Graças às riquezas naturais, o Brasil se acostumou ao desperdício deste recurso. É hora de mudar esse comportamento.

A questão do lixo é outro ponto nevrálgico desta discussão. Na Europa, os clientes de supermercado começam a ser taxados pelo uso de sacolas plásticas. A China, que produz 3 bilhões de sacolas/dia, quer proibir completamente seu uso nos próximos anos. Outras alternativas, como os materiais oxibiodegradáveis que se decompõem no meio ambiente rapidamente, vêm sendo adotadas por vários países, mesmo que a contragosto da indústria petroquímica.

No Brasil, alguns governantes começam a despertar para a questão. Infelizmente, o estado mais poluidor do país nada faz para reverter esta situação. Em apenas um ano, o governo de São Paulo vetou dois projetos importantes para a preservação do planeta. O primeiro obrigava o comércio a adotar as sacolas plásticas oxibiodegradáveis. E o outro obrigava o Estado a equipar prédios públicos com meios para pôr em prática o reúso da água em um período de 10 anos.

É um posicionamento insensato, que vai na contramão de tudo que vem sendo feito pelo mundo afora. Que neste 5 de junho as pessoas tenham a noção de que colaborar com esta batalha no dia-a-dia, economizando água, separando o lixo reciclável e evitando as sacolas nos supermercados. Mais que isso, devem aproveitar o momento para cobrar uma postura mais firme das autoridades.



*Sebastião Almeida é deputado estadual pelo PT, coordenador da Frente Parlamentar em Defesa da Água e presidente da comissão de Serviços e Obras Públicas da Assembléia Legislativa de São Paulo.

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