DA REDAÇÃO (com fotos) O presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo, Paulo Roberto Siquetto, fez nova denúncia de erro nos dados sobre a criminalidade em São Paulo. Segundo ele, boletins de ocorrência de chacinas são titulados como homicídio, e disso resulta a inclusão de apenas uma morte nos computadores da Coordenadoria de Análise e Planejamento, órgão da Secretaria da Segurança Pública encarregado de elaborar estatísticas."Os programas de computador da secretaria não aceitam a qualificação de homicídio triplo, por exemplo, na hora da entrada de dados. Com isso, num caso de chacina, é como se apenas uma pessoa tivesse morrido", esclareceu.Siquetto foi ouvido pelos membros da Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa na manhã desta terça-feira, 4/12. Ele confirmou denúncias publicadas na imprensa de que delegados estão sendo pressionados a registrar os homicídios como outro tipo de ocorrência, para que as estatísticas apontem diminuição da violência.O delegado reafirmou ter recebido informações de que, há cerca de um ano, em reunião com os delegados seccionais de polícia da Capital e da Grande São Paulo, o secretário teria sido "taxativo ao estabelecer que os distritos policiais não poderiam ultrapassar determinado número de homicídios, sob pena de o delegado perder a titularidade daquele DP"."Estão brincando de fazer polícia em São Paulo", criticou o deputado Afanasio Jazadji (PFL). Para ele, além de configurar crime de falsidade ideológica e prevaricação, a adulteração de BOs impede o correto planejamento da ação da polícia, que pode estar "combatendo o crime errado, na região errada". O deputado Conte Lopes (PPB) quer que os delegados envolvidos dêem explicações sobre as informações contraditórias entre os boletins que lavraram e os termos circunstanciados elaborados pelos PMs que atenderam as ocorrências.FGV e CPIO deputado Wilson Morais (PSDB) afirma que "não há interesse do governo do Estado em esconder a criminalidade". Para ele, os casos apontados na imprensa podem ser de erro não intencional. "É preciso apurar, e para isso o governo se propõe a contratar a auditoria de uma instituição séria, a Fundação Getúlio Vargas", concordou Pedro Tobias (PSDB). A FGV seria encarregada de analisar os BOs que entram na estatística da Secretaria da Segurança Pública."A investigação do governo vai apontar como culpado o escrivão", contrapôs o deputado Vanderlei Siraque (PT). Ele acredita que a única forma de apurar as denúncias é com a instalação de uma comissão parlamentar de inquérito, na qual os deputados poderão ter acesso a provas documentais. "Se a pressão sobre os delegados parte da Secretaria de Segurança Pública, a Assembléia tem que tomar providências", avaliou.Os membros da comissão concordaram que a presidente do órgão, deputada Rosmary Corrêa (PMDB), entre em contato com o jornalista autor das reportagens sobre adulteração de dados, para obter os nomes de delegados que comprovadamente tenham assinado BOs incorretos. Esses delegados devem ser ouvidos pela comissão na quarta-feira da semana que vem.