"É extremamente preocupante." Desta forma a deputada estadual Maria Lúcia Prandi (PT) recebeu a notícia de que a Dersa fez um contrato emergencial com a empresa Performance para a realização de manutenção nas embarcações do sistema de travessias litorâneas. Em 2001, a empresa perdeu a concorrência para continuar prestando os serviços de manutenção e operação das travessias. Como retaliação, demitiu por justa causa os 800 trabalhadores que atuavam no sistema e estavam sendo absorvidos pela nova operadora, não tendo pago até hoje toda a dívida trabalhista. Estimativas apontam que, somente no que se refere à multa de 40% sobre o FGTS e ao aviso prévio, até hoje não pagos, a empresa ainda deve cerca de R$ 1,5 milhão aos trabalhadores."É um absurdo que a Dersa esteja abrindo novamente as portas para essa empresa. Ao prejudicar os trabalhadores, eles atacaram o Estado e a população. A Performance deveria ser riscada da lista de empresas aptas para qualquer concorrência pública aberta pelo governo de São Paulo", afirma Prandi.A deputada está cobrando explicações do secretário estadual dos Transportes, Mauro Arce, por meio de ofício e requerimento de informações. "Eu sabia que o fim dos atuais contratos estava próximo e vinha solicitando uma audiência para tratar da situação e do futuro das travessias desde o início de março, sem que até agora o secretário tenha encontrado tempo para me receber. Isto não é um desrespeito comigo particularmente, mas sim com a população que me elegeu como sua legítima representante", frisa a parlamentar.Em 2001, a deputada Maria Lúcia Prandi acompanhou de perto todo o drama vivido pelos trabalhadores na transição entre a antiga e a atual operadora do sistema. "Foram incontáveis assembléias e audiências na Dersa, na Secretaria dos Transportes, no Ministério e na Justiça do Trabalho. Muitos trabalhadores tiveram seus nomes incluídos nas listas de proteção ao crédito " como o SPC e a Serasa ", água, luz e telefones cortados, atrasaram aluguéis. Agora, como se nada disso tivesse ocorrido, a empresa volta de mansinho. E para os trabalhadores fica a dúvida: será que vai acontecer tudo de novo?"De acordo com o que foi apurado pela deputada Prandi, a licitação para definição da empresa que prestará serviços de operação das travessias litorâneas no sistema da Dersa teve a abertura dos envelopes adiada para data indeterminada, conforme consta do site da estatal.Como os atuais contratos expiram esta semana, a Dersa fez um contrato emergencial para manutenção com a Performance e outro para os demais serviços com a empresa TWB, que já integra o consórcio OPMariner, atual operador do sistema. "O contrato original já havia acabado no ano passado e foi aditado até este mês. A Dersa sabia que precisava ter esta situação resolvida com antecedência para evitar o recurso a contratações emergenciais. Por que demorou tanto para lançar uma licitação tão complexa?", indaga a deputada Prandi.mlprandi@al.sp.gov.br