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Opinião: Semana do baseado não discute o real problema

"Nossos jovens precisam entender que o importante não é defender as drogas, mas defender a vida"
20/04/2012 17:20 | *Gilmaci Santos

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Exprimir uma opinião faz parte do exercício da liberdade individual, e utilizando este direito reafirmo minha postura frente à legalização da maconha ou de qualquer outra droga: sou totalmente contra. Não que eu seja alguém "careta", simplesmente, mas creio que permitir o uso ou mesmo a venda de drogas ilícitas não irá resolver o problema, ou como dizem popularmente "não irá cortar o mal pela raiz".

Nesta semana cerca de 50 estudantes atenderam ao chamado do grupo conhecido como Frente Uspiana de Mobilização Antiproibicionista, a Fuma, e foram ao prédio da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas), da Universidade de São Paulo, acender cigarros feitos de orégano. Segundo reportagem do Jornal da Tarde, os organizadores afirmaram que não seriam fornecidas drogas no evento, mas alguns estudantes fumavam maconha durante a exibição de filme, já no primeiro dia do evento.

Segundo a "Nota de esclarecimento da Fuma", o ato visava apenas "marretar os muros de hipocrisia que escondem os comportamentos criminalizados". No final do ano passado, três alunos da FFLCH foram detidos pela PM quando fumavam um baseado. Em seguida, um pequeno grupo de alunos enfrentou a polícia, invadindo a reitoria da universidade para protestar contra a presença da PM por ali. O ato deixou a opinião pública, alunos e professores divididos.

A "Nota de esclarecimento da Fuma" afirmou que a "Semana da Barba, Bigode e Baseado" deveria encerrar na sexta como uma "apologia do debate". Entre as atividades desenvolvidas, festas e palestras.

No ano passado o principal campus da Pontifícia Universidade Católica (PUC), no bairro de Perdizes, em São Paulo, também virou noticia quando o reitor da instituição, ciente de que os alunos haviam marcado uma festa de apologia ao uso da maconha, batizada de "1º Festival da Cultura Canábica", fechou o campus, suspendendo as aulas.

A questão é: será mesmo que satirizar o tema ou programar eventos é uma forma efetiva de debate? Creio que debater o assunto seja saudável para a sociedade, mas fazer apologia ao uso das drogas não irá resolver a problemática.

Não existe droga mais ou menos fraca, drogas diferentes causam problemas diferentes; a maconha altera os reflexos, diminui a capacidade de percepção da pessoa e pode causar inclusive problemas de memória e aprendizado, ou seja, faz mal à saúde da mesma maneira que outras consideradas mais fortes. Uma das substâncias da maconha, o THC, pode aumentar o risco de o indivíduo desenvolver a esquizofrenia.

O problema é que se a falência da política mundial de combate às drogas ou da chamada guerra às drogas é algo evidente, liberá-la também não é a opção que resolverá o problema. A Holanda, por exemplo, usada como referência por aqueles que defendem o uso e a venda da maconha, começa a rever suas posições liberais em relação às drogas e a prostituição, por isso ter gerado uma situação que fugiu ao controle. A região do De Wallen, famosa pelo uso livre de drogas e também pela prostituição, tanto se afundou em um processo de degradação e criminalidade que o governo local passou a limitar mais esse tipo de postura. Pesquisas revelam que, atualmente, 67% da população holandesa é favorável a medidas mais rígidas.

A Holanda, assim como países mais liberais com relação às drogas, não pode mais ser usada como referência porque descobriu que liberar ou proibir não soluciona nada. O que precisa existir é uma política pública efetiva de informação e educação em torno das drogas e dos efeitos que elas causam, somado ao tratamento e ressocialização do dependente.

Não faz nenhum sentido fazer apologia de uma droga, nem mesmo que ela seja lícita. Como defender algo que provoca dor ou mesmo a morte? Nossos jovens precisam entender que o importante mesmo não é defender as drogas, mas defender a vida, a educação e a família; e drogas não combinam com nada disso.



*Gilmaci Santos é líder da bancada do PRB na Assembleia.

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