*Em carta aos tessalonicenses (habitantes de Tessalônica, para os quais dirigia sua pregação), o apóstolo Paulo disse: "Se alguém não quer trabalhar, também não tem direito a comer". Ninguém, portanto, é obrigado a proteger o vagabundo e o irresponsável; cumpre, porém, aos governantes, garantir oportunidade de trabalho aos que estão sadios e não querem viver da caridade.

Essas considerações são a propósito das notícias acerca do desemprego em nosso país, que atinge quase 2 milhões de brasileiros. Quando se ganha pouco salário, a situação já é difícil; quando não se ganha, o desespero toma conta da família.

Buscam-se explicações para os atos violentos atuais, como as invasões de fazendas na zona rural, e de terrenos e prédios nas áreas urbanas; grande parte dos integrantes dessas ações é desempregada e, orientada por líderes radicais, procura soluções fora da lei.

São inúmeros os jovens que, não encontrando oportunidade no mercado de trabalho, cativados por traficantes de drogas e dirigentes do crime organizado, passam a integrar o exército de marginais formado para assaltar, roubar e matar, causando medo generalizado.

É preciso e urgente reverter essa situação, que é muito grave porque, ao lado desse contingente de desempregados, deve-se considerar que muitos dos que trabalham não estão registrados em carteira e não pagam a Previdência Social. Essa situação de informalidade impedirá, no futuro, a aposentadoria de milhões de pessoas, obrigando o Estado a proporcionar-lhes onerosa assistência social.

Além do desemprego e da informalidade com a falta de registro, a classe trabalhadora sofre ainda, diante dessa crise geral, um processo de empobrecimento. Os salários atuais são menores, proporcionalmente, aos pagos anteriormente. O mesmo acontece com o salário mínimo e, mais ainda, o reajuste das aposentadorias de quem ganha mais de um salário mínimo... uma verdadeira vergonha nacional!

A nação não quer mais simples discursos ou anúncios de intenções. E também sabe que a caridade pode ser importante num momento, mas é angustiante, ao ser humano, viver na dependência das chamadas bolsas sociais. Para uma pessoa sadia e briosa, é uma humilhação ser sustentado pelo vale-leite, vale-cesta básica e outros vales.

A nação não quer viver de caridade; o trabalhador quer oportunidade de trabalho, salário justo e aposentadoria capaz de garantir seu sustento e o de sua família.

O direito ao trabalho e à vida com dignidade é um legítimo anseio do cidadão brasileiro.

*Welson Gasparini é deputado estadual pelo PSDB, advogado e ex-prefeito de Ribeirão Preto.

"O reajuste das aposentadorias de quem ganha mais de um salário mínimo é uma verdadeira vergonha nacional"