" />" /> Opinião - Universidade e democracia

Opinião - Universidade e democracia

"O espaço público deve ser lugar que abriga divergências, opiniões e negociações"
19/06/2012 16:42 | Ana do Carmo*

Compartilhar:


No último dia 22 de abril, alunos reunidos em assembleia votaram pela adesão à paralisação das aulas e greve de professores na Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Unifesp, no campus Guarulhos. Entre as principais reivindicações estavam a melhoria nas condições de acesso e de permanência na universidade, além da construção do prédio definitivo para a instalação da EFLCH e retirada de processos contra os alunos participantes da greve de 2010.

Os procedimentos empregados pelos alunos envolveram ocupação da diretoria acadêmica, formação de barricadas e hostilizações ao corpo docente. Neste mesmo período, a diretoria e a congregação da EFLCH/Unifesp, a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Prae), a reitoria e o MEC abriram diferentes canais de negociação, avançando no debate sobre a compra e aluguéis de prédios para as atividades acadêmicas enquanto o novo prédio estivesse em obra.

À proporção que se acirravam os ânimos e ficava clara a indisposição de um pequeno grupo de estudantes ao diálogo. Violência e vandalismos se ampliaram no campus. Ao mesmo tempo, as assembleias estudantis foram esvaziadas. Tal situação foi sustentada por declarações irresponsáveis de políticos que apoiavam essas atitudes e criticavam a expansão das universidades federais.

A defesa da universidade pública, da democracia e da produção de conhecimentos imparciais no Brasil nos faz olhar para esses fatos sob outra óptica: o espaço público deve ser lugar que abriga divergências, opiniões e negociações. E esses princípios foram suspensos em Guarulhos por uma parcela radical de estudantes.

A democracia pressupõe que os agentes possam atuar. Professores, funcionários e a grande maioria dos alunos estão privados de circular naquele espaço. Por fim, a desqualificação do processo de expansão das universidades federais é uma política que joga para a vala comum lutas, projetos políticos e o sentimento de que podemos viver num país mais justo e com igual acesso ao conhecimento.

O número de participantes nas iniciativas deve ser contabilizado, enquanto professores, funcionários e grande parcela dos alunos da EFLCH devem ser ouvidos. Há um blog dos alunos que se posicionam contra a greve feita, mas que poucos parecem querer noticiar.

A expansão do ensino público superior é " e continuará sendo " um grande legado do PT. O avanço no respeito à diferença e a produção de conhecimento que façam avançar nossa vida são bandeiras que não podem ser subvertidas pela privatização do espaço público. Muito menos em favor de pequenos grupos ou pela depredação de um patrimônio que pertence a todo cidadão.



*Ana do Carmo é deputada estadual pelo PT.

alesp