Opinião - Bolha Imobiliária, sim ou não?

O aumento dos preços dos imóveis no Brasil é anormal, e o acesso indiscriminado ao crédito, associado à falta de educação financeira do brasileiro, preocupa
21/08/2012 16:09 | Orlando Morando*

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Nunca antes na história deste país, viu-se tanta construção de empreendimentos imobiliários. Mas o aumento do preço dos imóveis, nos últimos anos, no Brasil, é o que vem chamando a atenção. O Índice FipeZap, criado em 2008, mostra que de lá até hoje o preço dos imóveis em São Paulo aumentou incríveis 132%.

Sem a menor dúvida, o grande sonho do brasileiro é ter a casa própria e um lar digno para sua família. Mais que um sonho, é uma necessidade. O déficit habitacional do Brasil é um dos maiores do mundo, e, consequentemente, o preço do imóvel está muito alto, principalmente nas regiões metropolitanas, incluindo a cidade de São Paulo e o Grande ABC.

O aquecimento da economia nacional, a geração de novos empregos, o crescimento do poder aquisitivo da população e a redução das taxas de juros para financiamentos aumentou a demanda pela casa própria e, como em toda a regra de mercado, quanto maior a demanda, mais se valoriza o produto escasso. Entretanto, o aumento dos preços dos imóveis no Brasil é anormal, e o acesso indiscriminado ao crédito, associado à falta de educação financeira do brasileiro, preocupa. Pode, sim, trazer grandes problemas à economia do país, e pode, também, estar sendo criada uma bolha imobiliária. Existe um descompasso no preço do terreno, e a exploração e especulação imobiliária feitas pelas construtoras, compradores e vendedores, que contam inclusive com o apoio de bancos.

A preocupação é no sentido de que, diferentemente do que ocorreu nos Estados Unidos, quando da grande crise americana, no Brasil existe déficit habitacional. Assim, cabe ao Poder Público ajustar e incentivar programas habitacionais, com preços mais baixos, para que a casa própria seja mais acessível, principalmente para famílias de baixa renda. O programa Minha Casa, Minha Vida já se mostrou ineficaz em algumas regiões, pois o preço do metro quadrado não se adéqua a ele. São Paulo é um grande exemplo disso. Sendo assim uma das ações do governador Geraldo Alckmin para solucionar a questão foi assinar um convênio com o governo federal, no valor de R$ 8 bilhões, para construírem, em parceria, 97 mil casas e apartamentos para famílias com renda mensal de até R$ 1,6 mil.

O diferencial é que o governo paulista doará R$ 20 mil por unidade, em adição aos R$ 65 mil alocados pela União, de forma a viabilizar a construção dessas habitações. É um ajuste importante e necessário para que, de maneira eficiente, não se crie uma bolha imobiliária em um país que ainda vive com déficit habitacional.



*Orlando Morando, bacharel em direito e administração, é deputado pelo PSDB e empresário do ramo varejista

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