Para muitas pessoas, especialmente os jovens, janeiro não é época de férias. Pelo contrário: é um período de muito foco, ansiedade e expectativa, pois é hora de aplicar os conhecimentos " adquiridos ao longo de anos de estudo " nos vestibulares que acontecem no início do ano. O que se espera é o bom desempenho nas provas e aquele momento para ser chamado de "calouro" ou "bicho", quando ingressam na faculdade ou universidade.

Nesse momento, que mistura euforia, alegria e brincadeiras, infelizmente nem tudo o que acontece é diversão. Já houve inúmeros casos de humilhação, violência, acidentes e até mortes durante a aplicação de trotes. Um dos mais marcantes aconteceu com um estudante de medicina da USP, encontrado afogado na piscina após uma "festa", onde foi apurado o uso excessivo de bebidas. A "brincadeira" acabou com a vida e o sonho do estudante e de sua família.

A situação é tão séria que em São Paulo existem diversos projetos de lei proibindo a prática do trote violento. Para não deixar acabar com um evento tradicional como esse, muitas faculdades e alunos estão propondo diversos tipos de trotes, como o cultural, o da cidadania e, agora, o trote ecológico.

A ideia do trote ecológico partiu da Juventude Sustentável e tem como atividade o plantio de mudas de árvores nativas nas cidades onde se realizarem os trotes. A iniciativa foi aprovada pelos usuários do Facebook " onde o grupo tem uma página " como alternativa ao trote tradicional. Um bom exemplo de como duas atividades muito praticadas pelos jovens " o uso das mídias sociais e a sustentabilidade " podem estar combinadas nesta fase tão importante da vida dos estudantes.

De acordo com os idealizadores do trote verde, como está sendo chamado, os principais objetivos são: promover a interação entre calouros e veteranos sem violência; conscientizar e alertar a população sobre a causa ambiental; promover a comunicação e educação ambiental de forma clara e objetiva; destacar os impactos socioambientais causados pelo déficit de árvores na cidade; mostrar a força das redes sociais como ferramenta de educação ambiental.

Com todas essas ações, além das instituições e dos estudantes, quem também sai ganhando é a comunidade, já que deverá ter sua área verde ampliada.

É interessante como os projetos de sustentabilidade podem ser aplicados nas mais diversas situações e, assim como o trote ecológico, envolver instituições, sociedade, Poder Público e cada pessoa, individualmente, em algo que traz benefícios para todos. Muitas vezes, damos mais importância para a tecnologia do que para a natureza. Não que aquela não seja importante! Mas, certamente, o nosso sustento " os alimentos, a água, o ar e todas as condições necessárias para a manutenção da vida " vêm da natureza.

O trote ecológico é uma ideia simples e muito feliz. Além de manter a tradição da interação entre calouros e veteranos, favorece o meio ambiente e premia a todos com qualidade de vida.



*Dilmo dos Santos é deputado estadual pelo PV