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Opinião - Prioridades invertidas

Investe-se, assim, no "circo", na diversão, em detrimento da educação, da saúde pública ou do saneamento básico
09/05/2013 21:10 | Welson Gasparini*

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Tenho usado a tribuna da Assembleia Legislativa, com certa regularidade, para mostrar como, em nosso país, o dinheiro público nem sempre é utilizado de modo correto e obedecendo uma escala de prioridades defensável pelo próprio bom senso. Um exemplo do qual tenho me valido é a questão dos preparativos para a Copa do Mundo de 2014 que reunirá, num curto período de 30 dias, seleções de 32 países.

Para a Copa da África do Sul, em 2010, foram disponibilizados oito estádios que suportaram, confortavelmente, todas as partidas então programadas e agora estão ociosos; já no Brasil, com essa nossa nem sempre louvável mania de grandeza, serão 12 os estádios, todos eles exigindo investimentos vultosos ou na reforma ou na construção.

Investe-se, assim, no "circo", na diversão, em detrimento da educação, da saúde pública ou do saneamento básico.

Esses monumentos esportivos, exigindo " cada um deles - importâncias não inferiores a R$ 1 bilhão, se transformarão após a Copa em verdadeiros "elefantes brancos", sem qualquer utilidade; em cidades como Brasilia, segundo dados estatísticos, o público regular em partidas futebolísticas é mínimo. No futuro estádio da capital do país, entretanto, serão gastos R$ 1,4 bilhão e ele será utilizado em sete jogos de seleções; o custo de cada jogo será de R$ 200 milhões.

Não sou e nem poderia ser contra o futebol, pois graças a ele, conforme nunca deixo de lembrar, ingressei no jornalismo e na política; minha vida profissional começou quando vim cobrir uma partida do Batatais e no estádio, visitando a cidade, encontrei o então governador Jânio Quadros, com as poucas linhas sobre o jogo se transformando, no extinto Diário de Noticias, da arquidiocese de Ribeirão Preto, numa ampla entrevista com o influente político.

Acho absurdo esse excesso de estádios para a Copa, atendendo conveniências de políticos e de empreiteiras, não raro na base do "toma lá dá cá", injustificáveis diante das carências enfrentadas pelas próprias populações das capitais onde serão instalados. Afinal, serão pouquíssimos os jogos em cada um desses 12 portentosos estádios cuja manutenção posterior " eis outro agravante - também implicará em ônus para os cofres públicos.

O dinheiro, lamentavelmente, que sobra em estados brasileiros pobres para a Copa, falta, nesses estados, para a melhoria das condições do ensino e da própria remuneração dos envolvidos no processo educacional.

*Welson Gasparini é deputado estadual, advogado e ex-prefeito de Ribeirão Preto.

alesp