Opinião - Os políticos do "sim" ou do "não"


09/08/2013 10:39 | Welson Gasparini*

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A classe política brasileira falha, em grande parte, nos seus compromissos porque atua em dois grupos distintos: o do "sim" ou o do "não". Em praticamente todos os parlamentos, logo no início das atividades, os eleitos, passam a votar projetos, regra geral, dizendo sempre "sim" ou sempre "não." Há um entendimento implícito: os que apoiam o governo devem, sem maiores análises, aprovar tudo, parecendo até ser traição discordar em determinados momentos. O mesmo acontece com os oposicionistas: alguns causam até escândalos quando divergem dos seus companheiros e aprovam propostas do governo.

Com este comportamento, a classe política acaba anulando a grande vantagem social representada pelo debate, pelo choque de ideias, pela possibilidade do convencimento. A radicalização fecha os ouvidos e as bocas repetem argumentos parecidos, deixando insensíveis os parlamentares que iniciam uma discussão dispostos a não ceder nem à lógica, nem ao bom senso, pois se julgam donos da verdade. E isso, lamentavelmente, acontece tanto entre políticos da situação quanto da oposição.

Some-se a tudo isto a paixão existente nos debates; ser convencido significa perder e, por este motivo, não é possível ceder.

Falo tudo isto para deixar claro que, no processo da discussão e votação das reformas econômicas e sociais tão necessárias à modernização do país, tem sido muito difícil o chamado "diálogo construtivo". A radicalização chega ao ponto de se criar uma oposição às reformas básicas indispensáveis como fosse possível o Brasil continuar da maneira como se encontra.

Lógico que é preciso mudar. E que bom seria se o processo de mudanças pudesse ser feito de maneira aberta e sem radicalizações... Ganharia o governo com o aperfeiçoamento das reformas propostas; ganharia, igualmente, a oposição, tendo a oportunidade de participar ativamente do processo.

Restaria ainda vencer os grupos defensores de interesses pessoais ou corporativos. São pessoas incapazes de colocar os interesses pessoais ou corporativos abaixo do interesse nacional.

Para o Brasil mudar é preciso mudar os comportamentos, a começar dos próprios políticos que não podem, assim, ficar radicalizados nos grupos do "sim" ou do "não", tornando-se abertos aos debates na busca do verdadeiro e do justo. Em resumo: na busca do interesse coletivo, sobrepondo-o ao individual, ao corporativo, ao partidário e, até mesmo, ao ideológico.



*Welson Gasparini é deputado estadual, advogado e ex-prefeito de Ribeirão Preto.

alesp