Empresa flagrada com trabalho escravo fala à CDH
20/08/2013 20:51 | Da Redação: Monica Ferrero Fotos: Roberto Navarro






Na reunião da Comissão de Direitos Humanos, no dia 20/8, foi abordado o caso da empresa Restoque S/A, flagrada pelo Ministério do Trabalho e Emprego com o uso de trabalho análogo à escravidão em sua cadeia produtiva. Estiveram presentes o diretor geral de Operações da empresa, Livinston Bauermeister, o auditor fiscal do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Luís Alexandre de Faria e o procurador do Ministério Público do Trabalho, Tiago Muniz Cavalcante.
O deputado Carlos Bezerra Jr. (PSDB), autor do requerimento de convite aos depoentes, historiou o caso. A fiscalização do MTE flagrou, em junho de 2013, oficinas que produziam peças para a grife Le Lis Blanc, de propriedade da Restoque, usando mão de obra de migrantes bolivianos em caráter semelhante à escravidão. Foram resgatados 28 trabalhadores nas oficinas. Bezerra mostrou-se indignado com a atitude da empresa, que "nunca se preocupou em saber das subcontratadas".
Cegueira deliberada
A ação foi motivada pelo acúmulo de evidências em auditorias prévias, disse o auditor fiscal do MTE Luís Alexandre de Faria: "Essa ação da Restoque decorreu de um acúmulo de evidências e de provas colhidas em auditorias anteriores feitas pelo Ministério do Trabalho e Emprego em conjunto com o Ministério Publico do Trabalho e da qual, eu ressalto, a primeira ação que ganhou proeminência até aqui dentro desta Casa, foi a ação da Zara Brasil. Lá atrás, em agosto de 2011, a auditoria do Ministério do Trabalho já identificou resquícios, indícios e elementos subsidiários que levavam já naquela auditoria da Zara Brasil à conclusão, ou pelo menos à necessidade de uma investigação quanto essa cadeia produtiva da Restoque. O que quer dizer que, naquela auditoria da Zara Brasil - que nós tivemos a oportunidade de sermos convidados e prestarmos esclarecimentos nesta Casa - havia elementos bastante robustos a exigir do Ministério do Trabalho um aprofundamento dessa investigação."
Segundo o auditor, a Restoque, no dia 19/8, assinou um Termo de Ajuste de Conduta (TAC), comprometendo-se a sanear toda sua cadeia produtiva e a pagar multas e indenizações, no valor de R$ 1 milhão. A empresa também já havia pago aos 28 trabalhadores descobertos nas oficinas outros R$ 600 mil a título de verbas trabalhistas rescisórias e dano moral.
Infelizmente, continuou Faria, a indústria do vestuário optou, por falta de mão de obra nacional, por trazer migrantes, mas o fez da pior maneira possível. Para ele, a Lei 14.946/2013, de autoria de Bezerra Jr., já colhe frutos, mas sua aplicação ainda é insuficiente, pois grande parte das oficinas de confecção é de pequeno e médio portes, de difícil fiscalização. Some-se a isto o fato de existirem apenas dois auditores do MTE no Estado.
Na opinião do procurador do Ministério Público do Trabalho, Tiago Muniz Cavalcante, a Restoque sabia das irregularidades e agia com "cegueira deliberada". Por isso, foi considerada responsável juridicamente pelo trabalho degradante encontrado na oficina terceirizada. A ação é civil, mas será enviada ao Ministério Público para eventuais providências.
Outro lado
Diretor geral de Operações da Restoque S/A, Livinston Bauermeister, expressou o pesar e a indignação com o flagrante de trabalho escravo em uma oficina contratada. "É prática da empresa, que trabalha no varejo de roupas e tem 4.200 empregados, o respeito às leis trabalhistas", disse. A Restoque exige, desde 2011, dos fornecedores a assinatura de contrato prévio, que deve ser imposto também às terceirizadas. No caso, dois fornecedores, as oficinas Recoleta e Pantotex, desobedeceram a esta norma.
Após a ação do MTE, a empresa passou a auditar seus fornecedores, disse Bauermeister, que falou dos detalhes do TAC assinado. Respondeu ainda sobre os valores de pagamento da mão de obra, de produção e de venda das roupas da Restoque. Disse que a empresa ficou chocada com a notícia, e garantiu que não foram auferidos lucros com o uso de trabalhadores irregulares.
Esteve presente também Adriana Mazagão, representando Juliana Armede, do Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas da Secretaria da Justiça e Defesa da Cidadania. Fizeram perguntas aos convidados os deputados Fernando Capez (PSDB), Leci Brandão (PCdoB) e os petistas Beth Sahão e Adriano Diogo, presidente da CDH.
Fundação Casa
A CDH ainda aprovou requerimentos convidando a presidente da Fundação Casa, Berenice Gianella, para falar sobre denúncia de espancamento de menores na unidade João do Pulo do Complexo Vila Maria da entidade, no último dia 3/5, conforme imagens exibidas no programa Fantástico da Rede Globo. Também foram convidados para vir à comissão falar sobre o caso o diretor da unidade, Wagner Pereira da Silva, e o coordenador de segurança Edson Francisco da Silva, ambos já afastados.
Esses requerimentos foram assinados por Adriano Diogo, João Paulo Rillo e Beth Sahão, todos do PT. A comissão ainda aprovou requerimento propondo visita urgente da CDH à unidade da Fundação Casa, para averiguar outras denúncias que foram feitas, como de superlotação.
Foram aprovados requerimentos de Carlos Giannazi (PSOL) e Telma de Souza (PT), solicitando providências e esclarecimento sobre o assassinato de Ricardo Ferreira da Gama, funcionário terceirizado da Unifesp da Baixada Santista. Acolhidos também pela CDH requerimentos do deputado Adriano Diogo, convidando representante da Secretaria estadual da Justiça e Defesa da Cidadania para tratar do andamento das ações de reparação indenizatórias aos ex-presos políticos, bem como representante da Secretaria de Segurança Pública e o comando da Polícia Militar do Estado, para que prestem informações sobre a atuação das forças de segurança diante dos protestos ocorridos na última semana.
Compareceram ainda à reunião da CDH os deputados Rita Passos (PSD), Gilmaci Santos (PRB), André Soares (DEM). Hélio Nishimoto (PSDB) e Isac Reis (PT).
Notícias mais lidas
- Aumento do salário mínimo estadual e projeto 'Chave-a-Chave' são temas de Sessão Ordinária da Alesp
- Servidores de várias categorias se unem por recomposição salarial
- Na Alesp, policiais penais cobram melhorias e recomposição salarial para a categoria
- Governo envia à Alesp projetos com diretrizes orçamentárias para 2026 e reajuste do mínimo paulista
- Veículos híbridos de SP terão isenção do IPVA por dois anos; confira regras aprovadas pela Alesp
- Reajuste salarial de servidores é tema da 56ª Sessão Ordinária da Alesp; assista à transmissão
- Dia do Trabalhador: um século de conquistas garantidas e liberdade para a busca por novas demandas
- Lei que transformou dor de família em ações que salvam milhares de vidas completa 10 anos
- Encontro na Alesp define reivindicações de servidores da Polícia Civil ao Executivo
Lista de Deputados
Mesa Diretora
Líderes
Relação de Presidentes
Parlamentares desde 1947
Frentes Parlamentares
Prestação de Contas
Presença em Plenário
Código de Ética
Corregedoria Parlamentar
Perda de Mandato
Veículos do Gabinete
O Trabalho do Deputado
Pesquisa de Proposições
Sobre o Processo Legislativo
Regimento Interno
Questões de Ordem
Processos
Sessões Plenárias
Votações no Plenário
Ordem do Dia
Pauta
Consolidação de Leis
Notificação de Tramitação
Comissões Permanentes
CPIs
Relatórios Anuais
Pesquisa nas Atas das Comissões
O que é uma Comissão
Prêmio Beth Lobo
Prêmio Inezita Barroso
Prêmio Santo Dias
Legislação Estadual
Orçamento
Atos e Decisões
Constituições
Regimento Interno
Coletâneas de Leis
Constituinte Estadual 1988-89
Legislação Eleitoral
Notificação de Alterações