A Organização Mundial da Saúde (OMS) recentemente apresentou um relatório completo do financiamento da saúde, demonstrando uma triste realidade: o custo médio da saúde ao bolso de um brasileiro é superior à média mundial. Segundo a OMS, as famílias brasileiras destinam mais recursos para a saúde do que o próprio governo. Para podermos compreender, em temos absolutos, o que estamos vivendo, o governo brasileiro destina à saúde de um cidadão um décimo do que os governos da Europa destinam aos seus. Consta ainda desse relatório da OMS: 56% dos gastos com a saúde no Brasil vem das poupanças e das rendas das pessoas. Trata-se de uma das mais altas taxas do mundo! É necessária e urgente uma mudança de comportamento no relacionado aos recursos públicos destinados à saúde. O quadro é dramático: nossos hospitais estão lotados; nossos postos de saúde e os chamados atendimentos 24 horas apresentam filas enormes com doentes esperando várias horas para serem atendidos. O número de médicos, por outro lado, é insuficiente para maior rapidez nesse atendimento. E há, ainda, outro agravante: muitos postos e hospitais não possuem os equipamentos e aparelhos capazes de possibilitar diagnósticos rápidos e eficazes. Além disso tudo, é preciso destacar: são poucos os remédios distribuídos gratuitamente pela rede pública; já os preços dos remédios nas farmácias particulares custam verdadeiras fortunas, muitas vezes o alto custo impedindo que o doente siga o receitado. Precisamos, com urgência, mudar esta situação. Muitas vidas estão sendo perdidas e muitos brasileiros ficam com graves sequelas físicas por falta de maiores recursos dos poderes públicos para o importante setor da saúde. Os impostos cobrados no Brasil são altíssimos e não dá, assim, para pensar em aumentar ou criar tributos para buscar mais recursos. É preciso, sim, escalonar prioridades, economizando em setores não tão prioritários e destinando maiores verbas para a saúde. Não dá para esperar mais! Comparando-se com outros países é uma vergonha a situação do Brasil nessa área fundamental. O artigo 196 da Constituição Federal, por sinal, é explicito: A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Que os nossos governantes, portanto, se sensibilizem com o clamor nacional e atendam, o quanto antes, os milhões de homens, mulheres, velhos e crianças brasileiras que sofrem as dores da falta de um atendimento correto quando necessitam de socorro médico ou hospitalar. *Welson Gasparini é deputado estadual (PSDB), advogado e ex-prefeito de Ribeirão Preto