Opinião: Entre o discurso e a prática


11/12/2014 16:10 | Pedro Tobias*

Compartilhar:


Os episódios mais recentes vivenciados pelo povo brasileiro mostram a longa distância que há hoje dentro do governo federal entre o discurso e a prática. Fala-se uma coisa e faz-se outra completamente diferente. Durante a campanha eleitoral, a presidente Dilma atacou covardemente o programa de seus adversários classificando-os de recessivos, que iriam prejudicar os trabalhadores, que deixariam a economia na mão dos banqueiros, com juros altos. Quem não se lembra da cena da comida sumindo do prato das pessoas numa alusão ao poder dos banqueiros sobre um Banco Central autônomo.

Mal acabou a eleição e a presidente reeleita vai buscar onde seu futuro ministro da economia? Dentro dos bancos. Mas eles não eram a encarnação do mal, segundo a candidata Dilma? E os juros? No prazo de apenas um mês, a taxa básica subiu de 11% para 11,75%, seu maior patamar em três anos. E tudo indica que vai subir ainda mais.

E a enganação não para por aí. A presidente que se diz defensora dos pobres prepara um pacotão de mais impostos que inclui a volta da CPMF, a volta do imposto dos combustíveis, o aumento do PIS/Cofins para produtos importados e uma alíquota maior para cosméticos, além de muitas outras medidas que vão atingir em cheio o bolso do brasileiro.

Neste curto espaço de tempo que se passou desde o fim da eleição, fomos bombardeados por uma série de notícias amargas. A presidente não conseguiu e não conseguirá cumprir o que a candidata prometeu na campanha. Aliás, ela tem feito tudo exatamente ao contrário do que disse na época da campanha. Comprovando que seu programa eleitoral foi uma peça de ficção elaborada por renomados marqueteiros com o propósito de iludir e enganar o povo brasileiro. No entanto, a realidade se mostra agora bem diferente daquela apresentada na ficção da campanha eleitoral petista.

Passada a eleição, a presidente não faz mais tanta questão de esconder a realidade. Tanto é assim que já admite um crescimento ridículo, de apenas 0,8% em 2015. Ao aceitar um índice tão raso do PIB, Dilma reconhece que fracassou na condução do País. Mesmo que não admita isso publicamente, ela sabe que foi isso o que aconteceu.

O povo espera mais do governo que aí está. O brasileiro merece mais do que o governo Dilma tem oferecido. Nosso País não merece essa combinação tão nefasta de baixo crescimento da economia, inflação em alta e corrupção generalizada, inclusive com a inovadora e desavergonhada emissão de recibo para o pagamento de propina. Reconhecer que na prática a realidade é outra bem diferente do discurso pode ser um bom começo para um governo que ainda não encontrou seu rumo.

* Pedro Tobias é médico e deputado estadual pelo PSDB

alesp