Opinião: Prejuízo para a produção da cana-de-açúcar


15/01/2015 18:46 | Welson Gasparini*

Compartilhar:


Em recente reunião no gabinete de trabalho de Joaquim Augusto Azevedo Souza, presidente da Associação e do Sindicato Rural de Ribeirão Preto, com Tomaz de Aquino Lima Pereira, presidente da Associação Rural do Vale do Rio Pardo (Assovale), recebi alerta sobre uma situação que está dificultando o trabalho dos médios e pequenos produtores de cana: a vigência da NR 31, editada pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS) impedindo, no plantio da cana-de-açúcar, o uso de caminhões ou de carretas. Tomaz pediu-me para interferir, inclusive junto ao secretário da Agricultura, Arnaldo Jardim (já alertado pelo próprio presidente da Assovale sobre esse problema), e às lideranças maiores do setor (CNA, Faesp, SRB, Ocesp etc) , numa ação conjunta voltada para a revogação da referida norma.

Segundo Tomaz, se esse quadro persistir em breve teremos a extinção total dos fornecedores de cana que terão, inevitavelmente, de partir para outras culturas, ou então arrendar suas propriedades para as usinas. Esses argumentos foram reforçados pelos expostos por Joaquim Augusto, lembrando-me o fato dos profissionais que trabalham na coleta dos sacos de lixo, em ruas de grande movimento, depositando-os em caminhões, com muito maior risco, não enfrentam tal tipo de restrição. Mesmo porque, como me asseguraram tais lideranças, a prática do uso de caminhões e carretas é comprovadamente segura e não há razão para ser interrompida, o que traria graves consequências econômicas e, sobretudo, sociais.

Sensibilizei-me, é claro, com o pleito que me foi apresentado e me comprometi a envidar todos os esforços no sentido de atendê-lo. Como um dos coordenadores da Frente Parlamentar de Defesa do Setor Sucroenergético na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, aprendi a valorizar ainda mais o esforço do trabalhador e do produtor que dependem da cana-de-açúcar para sobreviver.

As dificuldades desse setor, por sinal, tendem mesmo a se agravar diante da conjuntura mundial determinada pela queda do preço do petróleo, cujo resultado imediato é a diminuição da competividade do etanol diante da gasolina. Ainda assim, cabe-nos buscar saídas para garantir a sobrevivência dos produtores de açúcar e do álcool bem como, igualmente, dos milhares de empregos por eles gerados.

O trabalho, acredito, deve ser recompensado; a legislação, portanto, deve ser feita em função de proteger e estimular quem produz, gerando empregos, prosperidade e divisas para o nosso país. Equívocos, quando houver, devem ser corrigidos. E é o que tentaremos fazer, no caso em tela, juntando os nossos esforços aos de lideranças igualmente empenhadas em restabelecer a competitividade brasileira na geração de energia limpa e renovável.

*Welson Gasparini é deputado estadual (PSDB), advogado e ex-prefeito de Ribeirão Preto.

alesp