Águas de março


22/05/2015 09:24 | Campos Machado*

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"A verdade é inconvertível: a malícia pode atacá-la,

a ignorância pode zombar dela, mas, no fim, lá está ela."



Winston Churchill



O episódio da crise no abastecimento de água que atinge São Paulo, mais a região Sudeste e vários Estados brasileiros, é uma clara demonstração do que o oportunismo politico é capaz quando o poder está em jogo. Durante meses, especialmente nos que antecederam as últimas eleições, o governador Geraldo Alckmin foi alvo de sórdida campanha, que visava responsabilizá-lo pela escassez em nossos reservatórios, consequência da mais grave seca que a região enfrentou em toda sua história.

Não venho aqui para defendê-lo, mesmo porque o governador não precisa da minha defesa. Mas não posso aceitar calado essa tentativa de abalar sua imagem, que, aliás, não sofreu nenhum arranhão com as inverdades e lhe assegurou tranquila vitória no primeiro turno das eleições. Mesmo assim, seus adversários seguem culpando-o pela falta de chuvas que surpreendeu até os meteorologistas. Só que, até prova em contrário, Geraldo Alckmin não é Zeus, o deus grego das chuvas e trovoadas, e, portanto, não pode fazer chover.

Curiosamente, durante a seca mais crucial, que coincidiu com as eleições, seus críticos alimentavam o noticiário, com versões deturpadas dos fatos, como se os paulistas não fossem ter uma gota de água para beber no dia seguinte. Ignorava-se que foi justamente o governo de São Paulo o primeiro a enfrentar o problema, ao, um ano antes da crise, lançar campanha de conscientização da população e introduzir bônus nas contas para quem economizasse no uso da água.

Da mesma forma, desvirtuava-se a implantação da tarifa de contingência, caminho indispensável para assegurar a oferta de água, e o uso das reservas técnicas da Cantareira, que o governador comandou pessoalmente, com cuidado e atenção, guiando-se apenas pelo rigor de critérios técnicos. Enquanto isso, tentava-se desqualificar sua postura firme que, como cabe às lideranças responsáveis, manteve a população sempre informada, tranquilizando-a e assegurando que, com a colaboração de todos, o problema seria vencido.

Passadas as eleições, Geraldo Alckmin ignorou críticas que tentavam confundir redução da pressão com racionamento e seguiu trabalhando para enfrentar o problema. Acelerou obras de implantação de 29 novos reservatórios, sete dos quais já entregues; avançou na interligação para integrar a água da Região Metropolitana; caixas de água foram distribuídas para 10 mil famílias de baixa renda; seguiu com os trabalhos de interligação da Billings com o Tietê; implementou diversas obras nos sistemas Cantareira, Guarapiranga e Baixo Cotia.

Mesmo autoridades e usuários tendo consciência de que todas as providências tomadas, especialmente na redução de consumo, precisam ser preservadas, talvez até com maior intensidade, há fatos novos que merecem destaque. O nível do reservatório da Cantareira, por exemplo, já está próximo dos 20%, de acordo com os mesmos critérios de medição usados quando chegamos ao preocupante nível de 5% e os adversários do governador alimentavam a mídia com previsões catastróficas, a cada centésimo de volume perdido.

Mas hoje, pelo contrário, ganhos expressivos no reservatório da Cantareira não merecem destaque nas manchetes dos jornais. É compreensível. Frustrados na tentativa de abalar a grande credibilidade de que o governador desfruta junto à população de todo o Estado, eles preferem manter-se calados, na tentativa de disfarçar o enorme fracasso da farsa que armaram e que as águas de março, generosas, se incumbiram de empurrar ladeira abaixo.

* Campos Machado é deputado estadual, presidente do PTB-SP, secretário geral da Executiva Nacional do PTB e líder na Assembleia Legislativa de São Paulo.

alesp