Opinião - Não é hora de aumentar mordomias


09/06/2015 10:59 | Pedro Tobias*

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O Poder Judiciário está preparando um projeto que representará aumento de gastos para os combalidos cofres públicos do Estado de São Paulo. Entre outras despesas prestes a ser lançadas na conta do contribuinte paulista estão salários extras em cada uma das duas férias que os magistrados tiram durante o ano, reajustes nos vencimentos quando se casarem e quando tiverem filhos, ajuda de custo para pagar cursos de pós-graduação e pagamento até mesmo de funerais. Isso tudo não é para custear despesas de trabalhadores que recebem um salário mínimo. Estamos falando de uma categoria cujo vencimento está muito acima da média do trabalhador brasileiro. São propostas que fazem parte de um projeto que o Poder Judiciário está preparando para atualizar a Lei Orgânica da Magistratura.

Não sou contra os juízes ganharem bons salários. Acho até justo que seja assim. Mas este não é o momento mais apropriado para aumentar benefícios. O país está passando por sérias dificuldades econômicas. E o Estado de São Paulo faz parte deste contexto, o que tem exigido cortes de gastos em todas as áreas. Em conversa recente com o governador Geraldo Alckmin, fiquei sabendo que apenas no mês de maio a arrecadação do Estado caiu cerca de R$ 700 milhões. A crise financeira e social provocada pela má gestão da economia pelo governo do PT está afetando a todos. Ela está obrigando Estados e municípios a reduzirem despesas e suspender novos investimentos, prejudicando diretamente o desenvolvimento do país. O PT quebrou o Brasil. Exagerou nos gastos e agora a conta chegou e o governo não tem dinheiro para pagá-la. Na tentativa de recompor as finanças, o governo federal está mexendo em direitos trabalhistas que atingem diretamente o bolso dos mais pobres. Portanto, o momento não é de aumentar benefícios para categorias que já são muito bem remuneradas.

A Assembleia Legislativa precisa estar atenta para evitar prejuízos ao Estado. Como deputados, temos grande responsabilidade. Nossa decisão tem de ser em favor do Estado, não em favor de determinadas classes.

Como falava o saudoso Mário Covas, existem dois tipos de políticos. O político com "p" maiúsculo e o político com "p" minúsculo. O com "p" minúsculo pensa na próxima eleição, enquanto o com "p" maiúsculo pensa na próxima geração.

A Assembleia Legislativa não pode aceitar "projeto bomba", que cria gastos indiscriminadamente em um momento de crise. A situação financeira do Estado de São Paulo não é boa. Precisamos ser conscientes e responsáveis. Não podemos votar a favor de mais gastos e obrigar o governador a vetar. Esse não é o caminho. Deputado tem de ter responsabilidade com o Estado.

*Pedro Tobias é deputado estadual pelo PSDB

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