Opinião: Fatores que refletem negativamente na economia do país


17/11/2015 15:49 | Abelardo Camarinha*

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Alguns reflexos na economia estão atingindo, em cheio, o país inteiro. Pode-se citar, entre outros fatores: primeiramente estão os que acontecem pelo pagamento extorsivo, escorchante, das taxas de juros que o governo federal cobra das prefeituras e dos Estados, o que enfraquece o crescimento regional. Em segundo lugar, mas não menos importante, está a má distribuição dos recursos no pacto federativo: o governo federal fica com um mundo de dinheiro, como, por exemplo, o Estado do Rio Grande do Sul vai ter que parcelar em quatro vezes sua dívida com o governo federal, os Estados cortam investimentos (São Paulo também teve que cortar seus programas). A queda de arrecadação, até setembro, chegou a cerca de 700 milhões. Espera-se que cada ponto do Produto Interno Bruto do país (PIB) caia mais de 1.9% " o que, por si só, significa mais de 500 mil empregos: cada ponto diminuído do PIB representa 500 mil famílias que ficam sem o salário do seu chefe, que foi despedido!

Embora não haja uma estimativa oficial do desequilíbrio nas contas públicas e no mercado de emprego, as notícias que aparecem na mídia falam por si: "Mês passado 154 mil brasileiros foram mandados embora"; "Mais de 3 mil trabalhadores são demitidos dos portos brasileiros"; "Construção civil vai demitir mais de meio milhão de trabalhadores"; "pessoas com 26 anos de trabalho são mandadas embora", "produção industrial cai em dez dos 14 locais pesquisados em setembro" e por aí afora.

Além disso, a inflação reajusta os salários, mas o governo reajusta as tarifas: tarifas bancárias, de energia elétrica e de juros distorcidos, o pedágio e o bujão de gás. E sobem pedágios nas estradas federais: na Dutra e nas estradas BR-153 e Fernão Dias. Também houve 15% de aumento no bujão de gás. A energia elétrica subiu mais de 100% para os pobres, para os trabalhadores, para as camadas populares do país.

Os Programas de Aceleração do Crescimento (PAC), com exceção do Minha Casa, Minha Vida, estão todos parados. Não tem mais de onde o governo pegar. Em Marília existe um programa do PAC que é a estação de tratamento de esgotos, feito pela OAS, com o dinheiro da Caixa Econômica Federal. A obra foi paralisada, como tantas outras, porque o governo investiu mal, planejou mal, fez um orçamento com déficit de 100 bilhões de reais, deu dinheiro para os banqueiros, pagou juros extorsivos aos banqueiros, deu bilhões ao BNDES, ao Eike Batista, ao Silvio Santos, à família do Antônio Ermírio de Moraes, ao JBS, à Odebrecht, à OAS. Todos nadaram no dinheiro do povo, no dinheiro do fundo de assistência do trabalhador, e hoje o povo brasileiro está na amargura, na luta, no sofrimento.

Pelo lado do meio empresarial também ocorrem cortes de custo, demissões, desemprego. As famílias mais simples, que lutam para sobreviver, estão ficando desempregadas: sobem os números de desemprego de pessoas com carteira assinada, fica mais difícil a luta pela sobrevivência. O salário estava durando 25 dias, hoje o salário mínimo dura 20 dias, no máximo.

*Abelardo Camarinha é deputado estadual pelo PSB e vice-líder do Governo.

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