Opinião: Em defesa da Vila Soma, contra um novo Pinheirinho


01/12/2015 15:44 | João Paulo Rillo *

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Em 2012, tentando inverter a lógica perversa da especulação imobiliária e dos entraves intransponíveis do acesso à moradia, 50 famílias ocuparam o local onde anteriormente funcionava a Soma Equipamentos Industriais, ocioso há aproximadamente 20 anos, desde a falência da empresa, em Sumaré. Encravada numa área de 500 mil metros quadrados, próxima ao centro da cidade, entre bairros nobres, a ocupação tem hoje 2,5 mil famílias, em torno de nove mil moradores.

Quase três anos depois do início da ocupação, a Vila Soma ainda é alvo de ações de desocupação e reintegração de posse. Dessa vez, a ameaça vem do Executivo local, respaldado por parte da opinião pública.

Nesses últimos três anos muitas batalhas foram travadas, e um novo conflito se aproxima. As famílias da Vila Soma temem um desastre como o ocorrido na Ocupação Pinheirinho, em São José dos Campos, quando as forças policiais promoveram um massacre, de repercussão internacional.

A situação da Vila Soma muito se assemelha àquela de São José dos Campos, com milhares de crianças, idosos, pais, mães e trabalhadores com a esperança de fixarem moradia e em busca de dignidade para si e para seus familiares. Não são pobres coitados, não querem esmola ou emular um sentimento de pena. Pertencem a uma classe historicamente marginalizada, que renova dia após dia a luta por justiça social. São fruto de uma ordem social excludente e decidiram resistir, defender suas famílias provendo um teto seguro para eles.

Agora eles não têm tempo para esperar. Precisam de solidariedade. A vitória das famílias da Ocupação Soma será um testemunho histórico de mobilização, uma contribuição à defesa do desenvolvimento de habitações populares. Que seja um marco nas conquistas sociais e não uma situação dramática para as famílias que necessitam de moradia digna.

* João Paulo Rillo é deputado estadual pelo PT

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