Opinião - Um inimigo sempre à espreita


15/02/2016 19:23 | Welson Gasparini*

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Em pronunciamento recente, da tribuna da Assembleia, sugeri ao governador Geraldo Alckmin liderar a mobilização de São Paulo numa guerra sem tréguas ao mosquito aedes aegypti responsável por uma epidemia que, lamentavelmente, se espalhou pelo mundo todo, com funestas consequências para a saúde pública universal. Não se trata do único inimigo a ser combatido sem qualquer trégua: outro há, igualmente nocivo, igualmente pernicioso, a merecer idêntica declaração de guerra. Refiro-me, ainda uma vez, ao cigarro, uma droga infelizmente tolerada pelas nossas autoridades que permitem seu livre comércio, não obstante seus irrefutáveis malefícios. Estudo recente, da Aliança de Controle de Tabagismo, demonstra: o Brasil gastou, apenas em 2015, com vítimas do cigarro, o equivalente a 30% do orçamento do Ministério da Saúde. São, portanto, 30% do dinheiro da Saúde direcionados para atender a doenças resultantes do uso do cigarro. Isso significa: o Brasil gasta, anualmente, 21 bilhões de reais para tratar doenças relacionadas com o cigarro, o responsável por 13% das mortes ocorridas no país, com um total de 130 mil mortes anuais.

Em média, eis outro dado relevante, 350 pessoas morrem, por dia, vítimas de doenças resultantes do uso de cigarro. O tabagismo é responsável por cerca de 50 doenças diferentes, principalmente as cardiovasculares, como hipertensão, infarto, angina e derrame; é, também, responsável por muitos tipos de câncer, entre eles os de pulmão, boca, laringe, esôfago, estômago, pâncreas, de rim e de bexiga, além de morte por doenças respiratórias obstrutivas, como a bronquite.

A Universidade Nacional da Austrália, em uma pesquisa realizada com mais de 200 mil pessoas, concluiu: dois em cada três fumantes, caso continuem fumando, vão morrer de doenças relacionadas com o cigarro. O estudo mostrou ainda que os fumantes têm risco três vezes maior de morte prematura e morrerão, em média, cerca de dez anos antes daqueles não fumantes.

Esses dados, divulgados por entidades oficiais e científicas, revelam outro fato inquestionável: nós estamos gastando 21 bilhões de reais por ano do Ministério da Saúde para atender vítimas do cigarro, um dinheiro que poderia ser muito melhor aproveitado se utilizado no aprimoramento das condições de trabalho dos hospitais e postos de atendimento ao público. É preciso, portanto, uma guerra contra o cigarro começando nas escolas com os professores exibindo aos seus alunos estatísticas sobre quantas pessoas morrem por dia, quantos óbitos ocorrem resultantes de doenças provocadas pelo consumo do cigarro; sugiro, ainda, às nossas autoridades darem prioridade a um movimento de esclarecimento maior do que já está sendo feito e, aos pais, para orientarem seus filhos para ficarem longe do cigarro sob pena de vê-los perdendo anos preciosos de suas vidas em função desse vicio abominável.

*deputado estadual (PSDB), advogado e ex-prefeito de Ribeirão Preto

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