Opinião - Saneamento básico motiva Campanha da Fraternidade


29/02/2016 14:12 | WELSON GASPARINI*

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Usei a tribuna da Assembleia Legislativa, recentemente, para parabenizar a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) pela oportunidade do tema da Campanha da Fraternidade/2016 que enfoca um problema de grande relevância: a questão do saneamento básico.

No lançamento dessa campanha, na quarta-feira da quaresma, os bispos brasileiros " cada qual na jurisdição de suas áreas de competência " defenderam ações administrativas voltadas para a solução dessa problemática nacional. O presidente da CNBB, dom Sérgio da Rocha, pediu todo o empenho do Poder Executivo federal, estadual e municipal, e também do Legislativo federal, estadual e municipal para o êxito dessa campanha ao participar de uma sessão solene do Congresso Nacional em homenagem à própria CNBB por tal iniciativa. A Igreja Católica chama a atenção para o fato de o Brasil ser a sétima maior economia do mundo mas ainda ter, em seu território, cem milhões de pessoas sem os serviços básicos de tratamento de esgoto e coleta de lixo.

Temos hoje, no Brasil, uma situação inusitada na qual cerca de 50% da população brasileira não tem privada nas suas casas; nós somos a sétima maior economia do mundo e, no entanto, convivemos com esta triste realidade: mais da metade dos brasileiros moram em casas " quando não barracos " sem terem, sequer, privada! Então, é preciso que os nossos governantes " das esferas federal, estaduais e municipais " realmente direcionarem maiores recursos para enfrentar a gravidade dessa questão.

A Confederação Nacional da Indústria, com base em dados oficiais sobre o andamento de obras do setor de saneamento básico, aponta uma triste situação: a universalização dos serviços de saneamento básico no Brasil, com coleta de esgoto e rede de água, só será alcançada em 2050. Em outras palavras: mais de 20 anos após o prazo previsto no plano oficial do governo federal. Teremos, assim, de aguentar até 2050 esse triste fato de milhões de famílias não terem rede de água tratada devidamente e encanada nas suas casas; tampouco, redes de colhimento do esgoto e tratamento do esgoto.

Manifestei, então, o meu apoio e minha irrestrita aprovação a todo esse trabalho da Igreja Católica visando conscientizar nossas autoridades para o direcionamento dos recursos necessários a fim de, o mais breve possível, retirarmos do quadro oficial de nosso país esta realidade perversa: 50% das moradias não ter sequer privada. Tomara a Campanha da Fraternidade consiga, com sua força moral, convencer as autoridades federais, estaduais e municipais a darem à questão do saneamento básico, a prioridade merecida, mesmo porque é um fundamental fator para a saúde pública e o bem-estar da população brasileira em todos os rincões deste nosso imenso país: somente com a soma de forças e de recursos, sem dúvida alguma, conseguiremos mudar esse quadro tenebroso do saneamento básico em nosso país.

A motivação da CNBB deve ser, portanto, compartilhada por todos aqueles que têm o poder de influir em prol de um país mais saudável a exemplo do que fizemos, quando ocupamos a prefeitura de Ribeirão Preto pela última vez, e conseguimos deixá-la com, praticamente, 100% do esgoto colhido e tratado. Há necessidade, pois, de vontade política e, sobretudo, determinação por parte dos gestores federal, estaduais e municipais para "zerar" esse déficit comprometedor para a própria imagem externa brasileira.

*É deputado estadual (PSDB), advogado e ex-prefeito de Ribeirão Preto

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