Opinião - Desemprego: a grande tragédia brasileira


07/03/2016 15:52 | Welson Gasparini*

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A rápida deterioração do mercado de trabalho, acelerada pela incompetência do governo petista em enfrentar os problemas econômicos do país, mostra uma nova e perversa realidade: o desemprego não atinge somente a mão de obra não qualificada (abundante em todo o país) mas também os trabalhadores qualificados (administradores de empresas, advogados, enfermeiros, técnicos de nível médio ou superior etc.). Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, divulgados com destaque na edição do "Estadão" do último dia 22 de fevereiro, revelam: em 2015, 115 mil postos de trabalho com carteira assinada foram fechados para brasileiros com ensino superior incompleto ou completo.

Essa retração marca uma virada preocupante: enquanto de 2004 a 2014 o Brasil sempre criou empregos para os mais escolarizados, em 2015 " primeiro ano do segundo governo da presidente Dilma " esse quadro mudou. Assim " ao lado dos trabalhadores rurais, dos operários da construção civil, dos metalúrgicos, dos bancários e dos comerciários, entre outras categorias " também os profissionais de nível superior, muitos deles altamente qualificados, encontram-se na busca de oportunidades de trabalho num mercado cada vez mais restrito e competitivo.

No meu ponto de vista o desemprego é, de longe, a principal chaga social brasileira porque não existe drama tão grave quanto o vivido por um cidadão que quer trabalhar " tendo capacidade e vontade " mas não encontra trabalho. Haverá maior humilhação para um pai de família do que não dispor de recursos para as despesas básicas da sua casa? Não poder atender o pedido de um filho? Não poder suprir a própria despensa? O dia de um desempregado tem 24 horas como o de qualquer outra pessoa mas, no entanto, demora muito mais a passar devido à angústia de quem se vê privado de uma ocupação, seja ela qual for, tornando-se um fardo para sua própria família.

Gerar empregos é, no Brasil de hoje, a prioridade básica de qualquer governo, seja ele federal, estadual ou municipal; todo incentivo deve ser dado a quem queira investir ou empreender. Mas não é, lamentavelmente, o que acontece num país onde a carga tributária e os juros elevadíssimos cobrados pelas instituições financeiras desencorajam qualquer empreendedor. O empresário brasileiro " seja ele industrial, comercial, rural ou prestador de serviços " está sempre remando contra a maré porque não encontra estímulo para produzir, e o seu lucro, em margem desigual, é dividido com um governo perdulário e inconsequente.

De qualquer forma, não podemos perder a esperança em dias melhores, porém dentro de uma perspectiva realista: esses dias melhores só virão se houver mudanças capazes de devolver o otimismo, que sempre foi uma característica do brasileiro. Do jeito que está, definitivamente, não dá para continuar...

* Welson Gasparini é deputado estadual pelo PSDB, advogado e ex-prefeito de Ribeirão Preto.

alesp